segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Acorda Brasil!!!



Deu bom-dia ao cavalo e caiu dele
Do blog do Alon:

Lula é o nadador que não pode parar de nadar, o ciclista que não pode parar de pedalar, o equilibrista que se desloca de uma vareta a outra para não deixar o prato cair. Ele não pode parar de falar
Diz o ditado que quem fala demais acaba dando bom-dia a cavalo. Mas como saber se a pessoa fala demais? É subjetivo. Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo, fala dia sim outro também, às vezes mais de uma vez por dia. Trata-se de uma estratégia.


Lula explora ao máximo sua aptidão para comunicar. Ronald Reagan fez assim nos oito anos na Casa Branca. Reelegeu-se e elegeu o sucessor. Foi o único presidente americano a conseguir a façanha no pós-guerra.
Lula fala muito também porque o governo é ele. O presidente é o principal ativo da administração. O governo é bem avaliado, e Lula é o mais prestigiado líder político-popular da História do Brasil. Mas em nenhuma área os resultados são excepcionais.

Dois itens sempre centrais nas preocupações da população patinam: saúde e segurança. Depois da Copa e da Olimpíada, concorremos agora ao topo do ranking mundial nas mortes pela gripe suína (A H1N1). Já a violência urbana dispensa comentários. Os fatos recentes falam por si. E a economia? Ela ia razoavelmente bem até o tsunami mundial das finanças e espera-se que vá bem em 2010. “Bem” pelo padrão brasileiro, pois habituamo-nos a pouco. E Lula perdeu na crise uma chance única de atacar o maior problema econômico nativo: o crédito.Mesmo num cenário de risco inflacionário zero.

Depois de sete anos, continuamos na pole position do spread, e o capital financeiro reina soberano, recolhendo a parte do leão da renda nacional.
A supervalorização do real tampouco foi atacada quando se devia (e se podia, sem ameça nenhuma de inflação). Como resultado, assistimos à perda de rentabilidade nas exportações. O governo tateia aqui e ali, mas os resultados são duvidosos.

Para o campo, Lula no Planalto não significou qualquer mudança no perfil da concentração da propriedade rural. Na cidade, não se ouve falar nem remotamente em reforma urbana. Tem o Minha Casa, Minha Vida, é verdade, mas ainda é uma operação de longo curso — e não se tem certeza de que vai romper com o padrão histórico de jogar os pobres cada vez mais para a periferia dos grandes centros.
Na educação, alguém sabe se, depois de sete anos, as nossas crianças estão pelo menos saindo da escola pública sabendo ler e escrever? Ou a fazer contas? Você apostaria nisso?

Então, de onde Lula tira seu imenso capital? Da férrea vontade política de olhar para os pobres. Da capacidade de erguer a autoestima nacional. E da promessa de um futuro radioso, se, é claro, o país mantiver o rumo, concordar em deixar o manche nas mãos do grupo político do presidente da República.
É pouco? Não, é muito.

Outros tentaram acumular esse patrimônio e não conseguiram. Mas o cenário carrega um inconveniente. Lula precisa estar sempre no palco, atraindo a atenção, falando como o país encontrou, finalmente, o caminho que o transformará numa potência, como achou a estrada para acabar com a pobreza e a desigualdade, etc.

Lula é o nadador que não pode parar de nadar, o ciclista que não pode parar de pedalar, o equilibrista que corre de uma vareta a outra para não deixar o prato cair. Ele não pode se dar ao luxo de parar de falar. Daí que corra o risco permanente de dar bom-dia a cavalo.

Um exemplo foi a frase confusa sobre Jesus Cristo e Judas. Eu entendo que o presidente disse o seguinte: no Brasil, não tem como o governante deixar de fazer aliança com adversários, para garantir apoio político. Mas Lula preferiu fazer uma graça. Deu um drible a mais. E caiu do cavalo.
Outro exemplo é o debate sobre as instituições que, segundo o presidente, atravancam os investimentos públicos e o desenvolvimento nacional. Lula diz que ele é superior aos antecessores porque, ao contrário deles, dá prioridade ao investimento público. Mas diz que não consegue investir o tanto que desejaria por causa dos órgãos de fiscalização.

Ora, nenhum desses órgãos ou as regras que seguem foram criados no atual governo. Então, se eles atrapalham Lula, atrapalharam também quem veio antes de Lula. Então, talvez as dificuldades dos antecessores para investir não tenham decorrido de “falta de vontade política”, mas de condições objetivas que também afetam Lula.

E daí? Daí que quem fala demais acaba mesmo dando bom-dia a cavalo.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Ele Não Sabe Oque Diz??


Deu na Folha de S. Paulo
Da metamorfose à rendição
De Clóvis Rossi:

Que Luiz Inácio Lula da Silva foi, a partir de sua vitória de 2002, uma "metamorfose ambulante", nem precisava que ele próprio o dissesse. Os fatos falavam alto e claro.
O triste, como revela a entrevista que ele concedeu a Kennedy Alencar desta Folha, é que Lula passou da metamorfose à rendição a uma realidade política horrorosa.
Disse Lula: "Qualquer um que ganhar as eleições, pode ser o maior xiita deste país ou o maior direitista, ele não conseguirá montar o governo fora da realidade política.
Entre o que se quer e o que se pode fazer tem uma diferença do tamanho do oceano Atlântico. Quem ganhar a Presidência amanhã, terá de fazer quase a mesma composição, porque este é o espectro político brasileiro".
O presidente ainda acrescentou: "Se Jesus Cristo viesse para cá, e Judas tivesse a votação num partido qualquer, Jesus teria de chamar Judas para fazer coalizão".
Se Frei Betto, o confessor ou ex-confessor de Lula, tivesse ensinado seu amigo direitinho, o presidente aprenderia que Cristo foi crucificado justamente porque não fez coalizão com os judas da vida.
Que Lula tivesse obsessão com a governabilidade até dá para entender. Que desista de ao menos tentar reformar a "realidade política" é um irremediável desastre.
Só para qualificar o que é essa realidade: a Fundação Konrad Adenauer, ligada à democracia-cristã alemã, divulgou há dez dias o índice de desenvolvimento político da América Latina.
O Brasil consegue a proeza de ficar só no 8º lugar entre os 18 países listados. E estamos falando de América Latina, que é essa mixórdia arquiconhecida.
Tudo somado, dá para entender por que o presidente prefere que a imprensa não fiscalize o poder, apenas informe. Lula e seu partido trocaram a fiscalização do tempo de oposição pelo gozo do poder uma vez nele instalados
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Comentário

Perdoai-o, Pai, ele não sabe o que diz!

É espantosa a ignorância de Lula quanto à função da imprensa.

"Não acho que o papel da imprensa é fiscalizar. O papel é informar", disse ele a Kennedy Alencar em entrevista publicada, hoje, na Folha de S. Paulo. E acrescentou:
- Para ser fiscal, tem o Tribunal de Contas da União, a Corregedoria-Geral da República, tem um monte de coisas. A imprensa tem de ser o grande órgão informador da opinião pública. Essa informação pode ser de elogios ao governo, de denúncias sobre o governo, de outros assuntos. A única que peço a Deus é que a imprensa informe da maneira mais isenta possível, e as posições políticas sejam colocadas nos editoriais.
Como a imprensa pode ser "o grande orgão informador da opinião pública" se ela não examinar com atenção e rigor o comportamento e as decisões do governo? E como proceder assim sem que isso signifique "fiscalizar"?
Perdoai-o, Senhor, ele não sabe o que diz!
Uma vez, Lula admitiu que não gosta de notícia. Gosta de publicidade.
Quis dizer: gosta de elogios, de críticas, não.
Publicidade tem mais a ver com elogios. Jornalismo com críticas.
Sem ignorar a publicidade que denigre, comum em campanhas eleitorais. E o jornalismo sabujo e de aluguel, comum em qualquer época.
A entrevista de Lula à Folha será lembrada pela citação infeliz que ele fez de Jesus e Judas.
- Quem vier para cá não montará governo fora da realidade política. Se Jesus Cristo viesse para cá, e Judas tivesse a votação num partido qualquer, Jesus teria de chamar Judas para fazer coalizão.
Jesus morreu porque não abriu mão do que pensava. Não se coligou com as autoridades romanas nem com os sacerdotes judeus. Quanto a esses, expulsou-os do templo.
Sabia que seria traído por Judas. Não mexeu um dedinho para evitar que fosse.
Vai ver que Lula perdeu essa aula. Perdeu muitas outras.