terça-feira, 2 de novembro de 2010



BBC Brasil

Os eleitores brasileiros optaram pela continuidade do "lulismo" através de Dilma Rousseff, mas a decepção com a próxima presidente será inevitável, na avaliação de um editorial publicado nesta terça-feira pelo diário britânico "The Guardian".
"Inevitavelmente, ela decepcionará.
Após dois mandatos, Lula tem o status de uma entidade divina no país", afirma o editorial.

O jornal comenta que Lula conseguiu tirar 20 milhões de brasileiros da pobreza extrema, elevar 30 milhões à classe média e reduzir o desemprego a níveis recordes, em "uma mudança que os brasileiros puderam sentir".
Para o Guardian, Dilma é uma "tecnocrata de estilo rápido e direto" e assumirá a Presidência "em circunstâncias diferentes e com habilidades diferentes".
"As questões administrativas de sua Presidência não devem lhe apresentar dificuldade, mas as políticas poderão. A bajulação e a sedução não são seu melhor papel, apesar de chegar ao poder com maiorias nas duas casas do Congresso", diz o texto.
O jornal afirma ainda que o boom econômico vivido pelo Brasil pode também trazer desafios, com a ameaça de desindustrialização caso o país se acomode como exportador de commodities e não invista em seu setor manufatureiro.
"Para isso, o país precisa combater os problemas mais difíceis, como salários, aposentadorias, sistema tributário e dívida pública, os quais Lula mostrou pouco desejo de reformar", diz o Guardian.
Para o jornal, o trabalho de Dilma foi facilitado, mas ela deve enfrentar uma "lua-de-mel" com os eleitores mais curta do que a que Lula teve. Ainda assim, o diário conclui seu editorial afirmando que "a questão importante é que a visão de uma nação que tira milhões da pobreza enquanto sua economia cresce seja mantida viva".
Também em editorial, o diário econômico britânico Financial Times adota linha parecida ao afirmar que os próximos quatro anos "serão mais difíceis" para Dilma do que foram os primeiros anos de Lula.
Para o jornal, apesar de "continuidade ser a palavra da hora no Brasil", Dilma e Lula são pessoas com personalidades muito diferentes, o que deve deixar o país também diferente sob o novo comando. "Seria uma coisa ruim se não fosse diferente", diz o editorial.
Para o FT, o carisma de Lula e "sua capacidade para praguejar contra algo de manhã e elogiar à tarde" permitiram a ele superar obstáculos como os escândalos de corrupção durante seu governo.
O jornal avalia que Dilma poderá ter dificuldades para manter coesa sua coalizão, "a não ser que Lula mexa seus pauzinhos nos bastidores, o que poderá trazer seus próprios problemas".
O editorial adverte ainda sobre os perigos da frágil recuperação econômica mundial, do aumento dos gastos públicos e dos juros altos, que ajudam a inflar o fluxo de divisas para o país, num momento em que as autoridades brasileiras se dizem preocupadas com a "guerra cambial".
O diário comenta ainda que Dilma terá também mais dificuldades do que Lula em sua política externa. "Uma coisa é Lula abraçar o presidente do Irã em nome da 'paz e do amor'. Outra coisa seria a 'dura' Dilma tentar o mesmo e sair incólume", diz o jornal.
Para o FT, "o Brasil sem Lula pode ser tornar mais turbulento e menos popular". "Mas isso também poderia mostrar que o país está se tornando mais aberto, democrático e maduro", conclui o jornal.

MUDANÇA???

Quem é Ela???


Dia 31 de outubro de 2010, mais ou menos 19;30hs, o Brasil já conhecia sua presidente da república; Dilma Rousseff.
Eu que me considero um homem feminista, confesso que o fato de ter uma mulher no comando do nosso país representava um avanço no sentido de mudar a cultura machista do brasileiro.
Más não acredito que essa seja a representação das mulheres brasileiras.
Ex, terrorista, dura, fria e sem personalidade, pois representou fielmente o papel designado por Lula e os que desde janeiro de 2003 criaram um projeto de poder para rapinar de forma escandalosa o nosso país, desrespeitando as instituições e passando por cima das leis, principalmente a lei eleitoral.
As mulheres de bem deste país deveriam se vestir de luto pelo fato de infelizmente a primeira mulher presidente do Brasil seja uma mulher quase robotica, depedente e manipulável.
No entanto, como brasileiro, desejo que tudo que estou escrevendo sobre nossa nova presidente esteja errado e que ela rompa as correntes com as forças duvidosas que a ajudaram a se eleger e que honre as almas femininas e masculinas que depositaram nela a suas mais caras esperanças.

Por: Alex Joseph

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Verdades e Muitas Mentiras


Sem a mentira, o que seria do PT?

Se eu fosse um desses críticos do PT que ignoram a sua natureza, poderia começar meu texto mais ou menos assim: “Não entendo por que o PT, liderando um governo que, inegavelmente, tem virtudes, precisa recorrer à mentira sistemática na campanha eleitoral”. Ocorre que eu não sou um desses e entendo o papel central que a mentira exerce na conformação e na postulação do partido. Na verdade, sem um conjunto de mentiras circunstanciais e sem uma grande mentira conceitual, nem mesmo existiria PT. E o debate de ontem à noite, na Record, que se estendeu até o começo da madrugada de hoje, deixou isso muito claro.

A mentira do pré-sal e do petróleo

Dilma contou uma mentira ao afirmar que seu adversário, se vitorioso, pretende privatizar o pré-sal. Qual é o busílis? Como o governo substituiu o modelo da concessão pelo de partilha, passou a chamar o regime anterior de “privatização”, o que, não fosse deliberadamente falacioso, seria apenas equivocado. Fosse assim, e o tucano José Serra respondeu acertadamente, a própria candidata do PT poderia ser acusada de ter privatizado o “nosso” petróleo, inclusive o do pré-sal. Uma das empresas que assinaram um contrato de concessão é a OGX, do bilionário Eike Batista, e foi essa condição que lhe conferiu uma formidável valorização no mercado.

A campanha de Serra, especialmente no horário eleitoral, enfrentou mal esse debate até agora. Chega a ser escandaloso que não tenha deixado claro, por A + B — já que a imprensa, na era do “declaracionismo”, não o faz — que, em 1995, quando FHC assumiu o governo, a Petrobras produzia 700 mil barris de Petróleo por dia. A empresa detinha, então, o monopólio. A abertura do setor foi fundamental para o crescimento da produção. Em 1999, já havia 38 empresas privadas atuando no país. Atenção: em 2003, em razão das concessões feitas ao setor privado — que nada têm a ver com privatização —, atingiu-se a marca de 1,4 milhão de barris por dia. Entenderam o que aconteceu? Na gestão FHC, DOBROU A PRODUÇÃO DE PETRÓLEO. Hoje, anda em torno de 2,1 milhões de barris/dia. Resumo da ópera: cresceu 100% no governo FHC e 50% no governo Lula. Esse é o fato.

O suposto sucateamento da Petrobras nos anos FHC é outra dessas vigarices cantadas por aí. Em 2000, por exemplo, a empresa teve um lucro de R$ 9,9 bilhões, 6º entre as dez maiores petroleiras do mundo. Recebeu vários prêmios internacionais por seu desempenho. Em 1997, o setor petroleiro respondia por 2,7% do PIB; em 2000, já respondia por 5,4% — tudo isso durante o governo que o PT sataniza tanto. José Sérgio Gabrielli, este militante do PT disfarçado de presidente da Petrobras, deu sucessivas entrevistas na semana passada. Falou o que bem entendeu. Ninguém o contestou com números.

A mentira dos assentamentos e das invasões

Dilma contou uma mentira ao afirmar que o governo Lula assentou mais famílias do que o governo FHC e que as invasões de terra caíram. Ao contrário: as invasões cresceram. Foram 497 as ocorrências entre 2000 e 2002 (na média, 165,67 por ano) contra 1.357 entre 2003 e 2008 (média de 226,17) — um aumento de 37%. Existe uma Medida Provisória contra invasão de terras, editada em 2000. Ela indispõe para reforma agrária terras invadidas. Na oposição, o PT chegou a recorrer ao Supremo contra essa lei. Perdeu. No poder, nunca a aplicou — e, por isso, as invasões explodiram. No momento, João Pedro Stedile está quietinho para não prejudicar Dilma. Mas já avisou que volta com tudo se ela ganhar. Segundo disse, para os invasores, é muito melhor que a vencedora seja ela.
O governo FHC assentou, ao longo de oito anos, 600 mil famílias, marca que Lula não vai conseguir atingir. Assenta menos, mas provoca mais conflitos e mata mais. Estes números, por exemplo, são da Comissão Pastoral da Terra, que é o MST de batina: na atual década, 2003 foi o ano mais violento, com 73 assassinatos em conflitos no campo.
Nos outros, o número de homicídios ficou entre 20 e 40. Com relação ao número de conflitos, o período entre 2003 e 2007 foi o mais violento, com em média 1.727 registros, contra 1.170 conflitos em 2008 e 1.184 em 2009. Embora tenha sofrido uma redução, a quantidade de conflitos permanece bem maior do que no início da década (2000, 2001 e 2002), quando ocorreram, em média, 822 por ano. Resumo: Lula assenta menos, o MST invade mais, os conflitos aumentam, e as mortes também.

Impressionante!

Milhares de vezes, ao longo de oito anos, Lula e o PT falsearam os dados sobre o governo FHC. Mentiras pontuais foram criando o grande edifício da mentira conceitual: o governo representaria a grande mudança de rumo e de prioridades. Mas não deixa de ser chocante ver Dilma tartamudear a inverdade ali, ao vivo, sem o conhecido talento de Lula para a representação. E fico cá pensando: “Como é que essa senhora não se constrange?”
Há um cálculo nessas coisas, creio. Entro na cabeça de Dilma mais ou menos como Machado de Assis entrava na cabeça do cônego (é claro que não estou comparando o paraíso com o deserto): “Quem sabe do que estou falando ou endossa a mentira e a considera necessária para eu vencer ou já não vota em mim mesmo. Então, tudo bem! Quem não sabe pode acabar acreditando que falo a verdade e que os meus adversários querem mesmo ‘dar’ as riquezas brasileiras para os gringos. Assim, a mentira me é útil”


E então ela segue adiante, na sua versão alucinada da história. Vai dar certo? Não sei! Se der, terá de arcar, depois, com o peso da realidade, sem ter a mesma competência de Lula na arte do ilusionismo.

Por Reinaldo Azevedo: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Quem é Quem??



DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Para Francisco de Oliveira, um dos fundadores do PT, é "ilusão de ótica" achar que o presidente é estatizante.
Professor emérito de sociologia da USP diz que atual segundo turno obriga eleitor a escolher entre o "ruim e o pior"

Uirá Machado

No começo de 2003, ano em que rompeu com o PT, o sociólogo Francisco de Oliveira, 76, afirmou que "Lula nunca foi de esquerda".

Agora, o professor emérito da USP dá um passo adiante e diz que Lula, mais que Fernando Henrique Cardoso, é "privatista numa escala que o Brasil nunca conheceu".

Na entrevista abaixo, Oliveira, um dos fundadores do PT, também afirma que tanto faz votar em Dilma Rousseff (PT) ou José Serra (PSDB).

Folha - Qual a sua avaliação sobre o debate eleitoral no primeiro turno?
Fora o horror que os tucanos têm pelos pobres, Serra e Dilma não têm posições radicalmente distintas: ambos são desenvolvimentistas, querem a industrialização...

O campo de conflito entre eles é realmente pequeno. Mas, por outro lado, isso significa que há problemas cruciais que nenhum dos dois está querendo abordar.

Que tipo de problema?
Não se trata mais de provar que a economia brasileira é viável. Isso já foi superado. O problema principal é a distribuição de renda, para valer, não por meio de paliativos como o Bolsa Família. Isso não foi abordado por nenhum dos dois.

A política está no Brasil num lugar onde ela não comove ninguém. Há um consenso muito raso e aparentemente sem discordâncias.

Dá a impressão que tanto faz votar em uma ou no outro...
É verdade. É escolher entre o ruim e o pior.

Qual a sua opinião sobre a movimentação de igrejas pregando um voto anti-Dilma por causa de suas posições sobre o aborto?
É um péssimo sinal, uma regressão. A sociedade brasileira necessita urgentemente de reformas, e a política está indo no sentido oposto, armando um falso consenso.
O aborto é uma questão séria de saúde pública. Não adianta recuar para atender evangélicos e setores da Igreja Católica. Isso não salva as mulheres das questões que o aborto coloca.

O sr. foi um dos primeiros a romper com o PT, em 2003, e saiu fazendo duras críticas ao presidente. Lula, porém, termina o mandato extremamente popular. Na sua opinião, que lugar o governo Lula vai ocupar na história?
A meu ver, no futuro, a gente lerá assim: Getúlio Vargas é o criador do moderno Estado brasileiro, sob todos os aspectos. Ele arma o Estado de todas as instituições capazes de criar um sistema econômico. E começa um processo de industrialização vigoroso. Lula não é comparável a Getúlio.
Juscelino Kubitschek é o que chuta a industrialização para a frente, mas ele não era um estadista no sentido de criar instituições.
A ditadura militar é fortemente industrialista, prossegue num caminho já aberto e usa o poder do Estado com uma desfaçatez que ninguém tinha usado. Depois vem um período de forte indefinição e inflação fora de controle.
O ciclo neoliberal é Fernando Henrique Cardoso e Lula. Só que Lula está levando o Brasil para um capitalismo que não tem volta. Todo mundo acha que ele é estatizante, mas é o contrário.

Como assim?
Lula é mais privatista que FHC. As grandes tendências vão se armando e ele usa o Estado para confirmá-las, não para negá-las. Nessa história futura, Lula será o grande confirmador do sistema.
Ele não é nada opositor ou estatizante. Isso é uma ilusão de ótica. Ao contrário, ele é privatista numa escala que o Brasil nunca conheceu.
Essa onda de fusões, concentrações e aquisições que o BNDES está patrocinando tem claro sentido privatista. Para o país, para a sociedade, para o cidadão, que bem faz que o Brasil tenha a maior empresa de carnes do mundo, por exemplo?
Em termos de estratégia de desenvolvimento, divisão de renda e melhoria de bem-estar da população, isso não quer dizer nada.

Em 2004, o sr. atribuiu a Lula a derrota de Marta na prefeitura. Como o sr. vê como cabo eleitoral de Dilma?
Ele acaba sendo um elemento negativo, mesmo com sua alta popularidade. O segundo turno foi um aviso. Essa ostensividade, essa chalaça, isso irrita profundamente a classe média.
É a coisa de desmoralizar o adversário, de rebaixar o debate. Lula sempre fez isso.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

VOTE EM LULA!

Do blog do Noblat: http://oglobo.globo.com/pais/noblat/
Na última sexta-feira, no Rio de Janeiro, durante aquele que passará à História como o Comício dos Mil, Lula disse a certa altura do seu discurso para militantes encharcados, porém felizes:
- Há uma premeditação de me tirarem da campanha política para não permitir que eu ajude a companheira Dilma a ser a presidenta da República deste país.
Evitou nomear o responsável pela premeditação. É uma técnica muito sua. E que funciona diante de platéias dispostas a acreditar em tudo o que ele diz.
Acusa sem identificar o acusado. Assume a condição de vítima. E em seguida destila toda a sua coragem para enfrentar vilões e superar injustiças.
De volta ao Rio. Lula: “Na verdade, o que eles querem é me inibir para fingir que eu não conheço a Dilma. É como se eu pudesse passar perto dela e eu passar de costas viradas e fingir que não a conheço. Mas eu não sou homem de duas caras. Eu passo perto dela e digo: é a minha companheira Dilma”.
Apesar da chuva, Lula estava no melhor da sua forma. Quem não se saiu bem foi Dilma – mas é compreensível. Era seu primeiro comício de campanha. E, convenhamos: nem mesmo os políticos mais experientes, alguns deles oradores admiráveis, se sentiriam à vontade para falar depois de Lula.
Dilma deve ser testada longe dele.
Para o crescente número de brasileiros decididos a votar em Dilma só por que Lula quer talvez não faça nenhuma diferença - mas para os que se preocupam com a consolidação da democracia entre nós é assustadora a vontade de Lula em eleger sua candidata a qualquer preço.
Uma coisa é um partido tentar se manter no poder. Quando chegam lá todos tentam. Nada mais legítimo. Outra é abusar do poder e ignorar leis e procedimentos para não acabar removido dali.
A Justiça assistiu calada Lula abusar do poder que o cargo lhe confere fazendo campanha para Dilma desde 2007. Foi um ato pensado de Lula.
O jornalista José Roberto Toledo, de o Estado de S. Paulo, deu-se ao trabalho de contar o número de vezes em que Lula citou Dilma em discursos e entrevistas de 2003 para cá.
Fixemo-nos apenas no período 2007-2010. Nos 336 discursos que fez em 2007, Lula citou Dilma em 63. Nas 176 entrevistas que concedeu,citou Dilma em 19.
Em 2008 o número de discursos caiu para 330. Dilma foi citada em 80 deles. O número de entrevistas aumentou para 213 – e as menções a Dilma para 31.
No ano passado, Lula mandou às favas todos os escrúpulos. Citou Dilma em 98 dos 313 discursos que fez. Concedeu 272 entrevistas, lembrando de Dilma em 87 delas.
Nos primeiros três meses deste ano, Lula se referiu a Dilma em 39 de 78 discursos. Apenas em março o nome de Dilma foi repetido por Lula 94 vezes em 20 discursos – mais do que Deus (47).
Foi em março que a Justiça Eleitoral multou Lula duas vezes por fazer propaganda eleitoral antecipada para Dilma.
Lula calou-se em abril. Em maio não resistiu: falou de Dilma seis vezes e ganhou mais quatro multas.
Na semana passada, deu-se ao requinte de falar de Dilma para exaltá-la e de falar novamente para se desculpar por ter falado dela – e dessa vez na presença do presidente do Tribunal Superior Eleitoral. Bateu seu recorde em matéria de cinismo.
Não se diga que Lula surpreendeu. Ele avisou no ano passado: “Meu projeto político é eleger Dilma”.
Desde então não praticou um só ato de governo sem levar em conta os benefícios que poderia acarretar para sua candidata. De presidente da República passou a cabo eleitoral.
Um discurso de Dilma faz parte de um kit produzido e distribuído pelo governo com materiais de defesa do voto em mulheres – três mil livros, 20 mil cartazes e 215 mil cartilhas.
Um senador pelo Amapá e sua mulher, deputada federal, foram cassados pela Justiça Eleitoral sob a acusação de comprarem dois votos – a R$ 26,00 cada um.
Anteontem, Dilma advertiu a Justiça: “Acho que não se pode na vida ter dois pesos e duas medidas”.
Ela tem razão

domingo, 4 de julho de 2010

A Alma do Negócio



Governo duplica gasto com publicidade no semestre


Entre janeiro e junho de 2010, o governo torrou em publicidade R$ 146 milhões. Uma média de R$ 24,3 milhões por mês.

Nos três anos anteriores –2009, 2008 e 2007—a média mensal fora de R$ 12,3 milhões.

Deve-se a informação ao repórter Rubens Valente. Feita a partir de dados oficiais, a conta exclui os gastos das estatais.

Em notícia veiculada na
Folha, Valente informa que a curva ascendente dos dispêndios publicitários suscita uma dúvida legal.

Reza a lei eleitoral: em ano de eleição, despesas publicitárias só são permitidas no primeiro semestre. E não podem ultrapassar a "média dos três anos anteriores".

Servindo-se de uma dubiedade do texto, o governo alega que a média deve levar em conta o ano, não o semestre.

Sustenta que, ao final de 2010, a média do ano será semelhante à dos exercícios anteriores.

Ouvido, o TSE informou que não encontrou em seus arquivos nenhuma decisão que balizasse o cálculo da média.

E não foi categórico quanto à forma correta de fazer a conta, se com os números do semestre ou do ano.

Ou seja, a Justiça Eleitoral só vai se debruçar sobre o tema, elucidando-o, se for provocada.


Escrito por Josias de Souza
http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Quanto Custa Um Presidente??

do blog do Josias de Souza.
Planalto gastou R$ 3 mi para exibir Dilma em viagens

6 meses de viagens ao lado de Lula custaram R$ 3.052 mi
Cifra inclui comida, hotel, telefone, apoio e carros alugados
Exclui os gastos do presidente, de suas comitivas e o avião.

Ao ungir Dilma Rousseff como sua candidata, Lula se auto-atribuiu a tarefa de convertê-la de auxiliar desconhecida em presidenciável competitiva.

Com antecedência nunca antes vista na história desse país, o presidente antecipou sua própria sucessão. Levou a ministra-candidata à vitrine já em 2009.

Exibiu-a em inaugurações e inspeções de obras, num vaivém que inspirou os rivais a acusá-lo de usar a máquina pública com propósitos eleitorais.

Uma pergunta passou a boiar na atmosfera: Quanto custou ao contribuinte brasileiro a movimentação urdida para catapultar Dilma?

Um deputado oposicionista, Raul Jungmann (PPS-PE), transformou a dúvida num requerimento de informações. Endereçou-o à Casa Civil da Presidência.

Esse tipo de requerimento é uma prerrogativa que a Constituição confere aos congressistas. Coube à sucessora de Dilma, Erenice Guerra, responder.

No questionário, Jungmann circunscreveu sua curiosidade a eventos realizados entre 1º de setembro de 2009 e 19 de fevereiro de 2010, quase seis meses.

Em pesquisa prévia, o deputado contabilizara 26 as viagens e eventos. Inquiriu sobre os custos da participação de Dilma, de Lula e dos convidados oficiais.

Na chefia da Casa Civil desde abril, quando Dilma trocou o posto pelos palanques, Erenice respondeu apenas um pedaço do questionário.

Limitou-se a informar a cifra referente à participação de Dilma nos pa©mícios: R$ 3,052 milhões. Para ser exato: R$ 3.052.870,94.

Ou seja, noves fora o grosso dos custos (Lula e comitiva) a Viúva foi levada a torrar uma média de R$ 508,8 mil por mês para promover a candidata oficial.

As cifras incluem, segundo a resposta da Casa Civil: “Fornecimento de alimentação, diárias, hospedagem...”

“...Serviços de telecomunicações, de apoio logístico e locação de veículos terrestres [utilizados por Dilma] nas viagens”.

E quanto ao resto? “As demais despesas relacionadas a combustível das aeronaves oficiais, locação de veículos aéreos...”

“Custo estimado por convidado e número de convidados que integraram a comitiva presidencial, deixam de ser informadas”.

Por quê? “Não são da competência desta secretaria [de Administração da Casa Civil] e tampouco constam do nosso sistema de apropriação de custos”. Pena.

Só numa das viagens, a “Caravana do São Francisco”, Lula e Dilma dispuseram de um séquito de mais de cem convidados. Seria razoável saber quanto custou.

O Planalto sempre alegou que o périplo promocional de Dilma não ultrapassou as fronteiras da lei. Foram atos de governo, não de campanha.

Decisões tomadas pelo TSE deram ares de pantomima à alegação. O rol de viagens inclui, por exemplo, um deslocamento ocorrido em 22 de janeiro de 2010.

Nesse dia, Lula e Dilma foram à inauguração da sede do Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados de São Paulo. A coisa virou comício.

Em discurso transmitido ao vivo pela emissora estatal, Lula fez campanha para Dilma. Ao julgar representação da oposição, o TSE multou-o em R$ 10 mil.

Noutra viagem listada por Jungmann e incluída nos levantamento de custos da Casa Civil, Lula levou a candidatura de Dilma ao interior de Minas Gerais.

Cabo eleitoral e candidata foram a cidades mineiras, em 9 de fevereiro de 2010. Entre elas Teófilo Otoni. Uma visita impregnada de 2010.

Num dos discursos do dia, Lula, com Dilma a tiracolo, disse: “Vou fazer a sucessão”. Para quê? “Dar continuidade ao que nós estamos fazendo...”

“...Porque este país não pode retroceder. Este país não pode voltar para trás como se fosse um caranguejo”.

De novo, provocado pela oposição, o TSE condenou Lula por campanha ilegal e fora de época. Multou-o, nesse caso, em R$ 5 mil.

Não foram as únicas multas. Houve outras, resultantes de transgressões praticadas em viagens e eventos não listados no requerimento que a Casa Civil respondeu.

A azáfama administrativo-eleitoral foi tanta que, em 27 de janeiro, de passagem por Recife, Dilma viu Lula ser recolhido a um hospital da capital pernambucana.

O mal-estar do presidente foi passageiro. Rendeu-lhe uma madrugada no leito hospitalar e um check-up de emergência.

Permanente mesmo só a impressão de que o contribuinte –inclusive os eleitores de José Serra e Marina Silva— financiou parte do empreendimento eleitoral de Lula.

por: Josias de Souza. http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/

sexta-feira, 28 de maio de 2010

HÚBRIS


A história de vida de um nordestino que saiu da miséria para a Presidência da República parece um conto de fadas e poderia ser um bom roteiro de filme.Quem não gosta de histórias heróicas de superação de alguém que sai do nada para chegar à glória?
Esse é um dos motivos da espantosa popularidade de Lula, embora ela só tenha se materializado depois de três tentativas de chegar à Presidência da República , e não por coincidência, depois que a sua imagem, até então abrasiva e conflituosa, foi moldada por um arranjo mercadológico e político que aparou as arestas que o separavam do convívio pacífico com o status-quo.A maquiagem do paz-e-amor somada à rendição aos dogmas do mercado, representada pela “Carta ao Povo Brasileiro”, fizeram do zangado sindicalista de resultados um presidente amado pelo povo e mitificado em boa parte do mundo.
Até aí, tudo bem.É justo que Lula se orgulhe de seu destino, de sua história de vida, de seu triunfo.
Perfeito seria se ele usufruísse de seu instante histórico de glória para ajudar a fortalecer as frágeis instituições da jovem democracia brasileira em vez de dedicar-se a desrespeitá-las, no deboche contínuo e deliberado que ele comete ao confundir a popularidade com a onipotência.
A sabedoria grega criou uma palavra para isso- húbris- que Houaiss define como “orgulho arrogante ou autoconfiança excessiva; insolência”, e é isso que o presidente vem praticando, com a mesma prodigalidade com que os novos ricos investem sua fortuna recente em gestos e objetos que tornam evidentes a sua pouca familiaridade com o decoro e as regras elementares da convivência civilizada.A fortuna recente de Lula são os seus 80% de aprovação.
Lula foi multado 4 vezes por crime eleitoral e sua resposta foi debochar da Justiça.Não deu e nem dá qualquer sinal de que pretende respeitar as leis.Lula inaugurou o canal internacional da TV Brasil a chamou de “minha TV”, em mais uma de suas contínuas e repetidas confusões entre público e privado. Lula herdou uma sólida plataforma econômica e institucional dos governos que o precederam, e nunca disse uma palavra de reconhecimento.Afirmou -e depois repetiu para confirmar- que o Brasil de verdade começou no instante de sua posse.Lula tornou supérfluos, ou dispensáveis , os tribunais de contas, ironizou as CPIs, tripudiou do Ministério Público. Se falasse francês, diria, como Luiz XIV, “L’Etat c’est moi”.
Tudo em nome de uma tentativa de perpetuação no poder de seus conceitos e estilos, ainda que através de interposta pessoa- que tenta obstinadamente moldar à sua imagem e semelhança.
Nas democracias maduras, as instituições estão acima das pessoas.Nas democracias jovens,como a nossa, talvez esse personalismo seja um defeito temporal, episódico, um tributo pago à pouca maturidade e à curta convivência com a prática da democracia.
Lula provavelmente não é capaz de avaliar o estrago que a sua “húbris” pode provocar às instituições e o prejuízo que isso pode trazer ao futuro da democracia no País.Se estivesse cercado por bons conselheiros, em vez de áulicos,aproveitadores e aduladores , poderia empenhar-se em ser um presidente para a História e não apenas para a glória dos fogos de artifício que se apagam e dos ibopes que o tempo derrete.

Sandro Vaia é jornalista. Foi repórter, redator e editor do Jornal da Tarde, diretor de Redação da revista Afinal, diretor de Informação da Agência Estado e diretor de Redação de “O Estado de S.Paulo”. É autor do livro “A Ilha Roubada”, (editora Barcarolla) sobre a blogueira cubana Yoani Sanchez.. E.mail: svaia@uol.com.br

sábado, 8 de maio de 2010

Assim Já é Demais!!!


Por: Josias de Souza
Agora mesmo é que ninguém segura o ufanismo de Lula. O ministro Guido Mantega (Fazenda) informou que o Brasil vai socorrer, veja você, a Grécia.

Mantega veio à boca do palco para informar que US$ 286
milhões pertencentes ao contribuinte brasileiro serão borrifados na fogueira financeira grega.

A grana vai sair das reservas internacionais do Brasil, hoje estimadas em US$ 245 bilhões. Fará escala no FMI e, dali, para a Grécia.

Mantega esclareceu que as reservas brasileiras não serão reduzidas por conta do financiamento à Grécia.

Como assim? "O Brasil emprestará o dinheiro e o FMI nos dará direito especial de saque. É só uma troca de aplicação", disse o ministro.

Instado a comentar os riscos de
contágio da crise que rói o euro, Mantega disse que as consequências serão, para o Brasil, “muito leves”.

Nada que afete, segundo ele, o crescimento econômico do país neste ano eleitoral de 2010.

O impacto será maior, segundo Mantega, no desempenho do comércio exterior. O ministro esmiuçou o raciocínio:

"A recuperação dos países europeus será mais lenta. Então, teremos que esperar mais tempo para aumentar as exportações para a região".

Acha que a cena internacional ficará menos tóxica entre 2011 e 2012. Por quê?

Sobretudo por conta de indicadores positivos que começam a dar as caras em países com os EUA.

Citou a criação de 290 mil postos de trabalho em abril. O aumento mais expressivo desde 2006.

O Brasil possui títulos da envenenada dívida grega? Alguns bancos privados brasileiros podem ter, disse Mantega. Mas em percentual muito baixo.
Escrito por Josias de Souza: http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010


Por Reinaldo Azevedo
Caros, um texto importante, que serve, acho eu, para nortear o debate ao menos neste blog e para acompanhar a política com realismo. Vamos lá.
Muita gente pode não gostar do que escrevo, e eu entendo perfeitamente os motivos. Acusem-me disso ou daquilo, não dou a mínima. Só não podem me acusar de falta de clareza. Já escrevi mais de uma vez que a eleição de 2010 será duríssima. E já disse também que, dadas as circunstâncias, os tucanos devem considerar que Dilma Rousseff é favorita. Isso é importante até para que tenham juízo.

NÃO SERÁ FÁCIL TIRAR DO PODER UM GOVERNO QUE, JUSTA OU INJUSTAMENTE, POUCO IMPORTA, TEM A POPULARIDADE ALTÍSSIMA.
Não só isso: se a disputa se desse dentro das regras do jogo, muito bem. Mas não se dá. Jamais se viu uma máquina de propaganda como a que está aí, que junta, é bom lembrar, a verba publicitária oficial, das estatais e também das empresas privadas. Quase milagroso, também já escrevi, é Serra, a esta altura, manter-se na liderança e vencer o segundo turno com razoável vantagem. OU MELHOR: SEM CIRO, ELE VENCE NO PRIMEIRO! Isso tudo está nos arquivos, é só procurar.
Alguém tem o direito de desconfiar que considero a derrota de Dilma importante para a democracia? Não! Não tem! Só se não souber ler. Mas não estou aqui para fazer o difícil parecer fácil ou para afagar a cabeça dos tucanos se eles insistirem em fazer a coisa errada. É evidente que as oposições podem vencer as eleições. Mas terão de se dar conta da brutal dificuldade. É claro que Dilma, por si mesma, é uma candidata ruim. Não fosse, já estaria na frente. Antes que prossiga, leiam o que segue em negrito.

Estamos em 6 de maio de 2007. Lula tomou posse do segundo mandato há quatro meses e seis dias. Na Folha de S. Paulo, le-se: “Lula diz que a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) tem futuro político. Interlocutores recentes saíram de conversa com Lula com a impressão de que, se o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) obtiver êxito, Dilma pode ser uma candidata do bolso do colete.”

No El País, jornal espanhol, de 9 de outubro de 2007 - Lula estava no poder havia 10 meses -, o correspondente Juan Arias escrevia que Lula, ao converter Dilma “em seu braço direito e ao também ter encomendado a ela seu grande projeto econômico, o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) catapultou-a a ser a candidata natural à sua sucessão”. E mais:“Hoje todos sabem que em 2010 será quase impossível que se eleja como sucessor de Lula alguém contrário a ele. E jornal concluía: “Tudo indica que Lula queira uma mulher”.

Voltei Peguei duas referências de 2007 para evidenciar que Dilma Rousseff, a rigor, está em campanha há mais de três anos. Alguém acha que o correspondente do El País teve um sonho ruim e imaginou Dilma candidata? Não! Os planaltinos já estavam operando. Qualquer nome escolhido por Lula seria forte — e um outro poderia ser até mais forte. Nem tanto por causa da chamada transferência de votos, mas por causa da máquina, que é poderosa.

Dilma herda, como indicada do chefe máximo do PT, a mais longa campanha à Presidência da República do mundo. Atenção: Lula está em campanha eleitoral há 30 anos! Desde a fundação do PT! Subiu no palanque em 1980, disputou já uma eleição ao governo de São Paulo, em 1982, e nunca mais desceu. Fez oposição moderada ao último governo da ditadura e operação feroz aos quatro presidentes da era democrática que o antecederam. Tendo chegado ao poder, não mudou: CONTINUOU A FAZER OPOSIÇÃO AO… PASSADO. Mesmo presidente, ele continuou em campanha eleitoral contra FHC!!! E aquele espírito está agora a serviço de Dilma, com o apoio da máquina.

Depois de mais de três anos de campanha, o que há de surpreendente no fato de a petista ter 27,8% ou 28,5% dos votos? NADA! RIGOROSAMENTE NADA!!! Não sei se os números do Sensus estão certos. Sei que, se estiverem, não há nada de estranho nisso. Como os números de Serra me parecem razoáveis, dado o andamento da não-campanha do PSDB. E que se note: não estou dizendo que o tucano está errado em não precipitar o debate. Acho até que ele está certo.
JuízoO que os tucanos e as oposições precisam ter é juízo. Não existem milagres em disputas eleitorais — Deus certamente se ocuparia de coisas mais interessantes. É importante abandonar o raciocínio mágico: “Ah, quando chegar a hora, Serra vai lá e fatura!” Ou ainda: “Se Serra apontasse todos os descalabros do governo, a situação seria outra”. É mesmo? “Descalabros” de um governo aprovado por mais de 70%? De novo: posso achar esse número um tanto absurdos, mas não brigo nem com pesquisas nem com o povo — mesmo quando acho que ele está errado. Ademais, por enquanto, o tal povo quer um tucano no lugar de Lula.
E, então, cabe ao PSDB e aos líderes tucanos, cientes da dificuldade, fazer o máximo possível para que isso aconteça. E o máximo quer dizer “o máximo”!!! O máximo quer dizer que os tucanos deveriam, por exemplo, atuar para consolidar os eleitorados de São Paulo e Minas — tanto quanto a máquina petista, nota-se, tenta dar o Nordeste, única região em que Dilma vence hoje, como fatura liquidada. É claro que cada candidato terá de avançar sobre as fortalezas do adversário. Mas é importante ter fortalezas.

IlusõesNão se ganham eleições com ilusões. E é uma ilusão achar que a “criatura eleitoral de Lula”, porque fraca pessoalmente, continua fraca quando ungida pela máquina. Máquina pode eleger até candidatos ruins de governos impopulares!!! Serra e Aécio Neves conseguirão estar juntos, mas juntos mesmo, numa disputa, como parece querer a maioria dos eleitores? Se a resposta for “sim”, o PSDB estará jogando com força máxima. Se a resposta for “não”, então se trata de um jogador que não vê o principal: e o principal, para os oposições, é derrotar o PT.
Entenderam? Eu não brigo com as pesquisas porque acho que os números que estão aí são absolutamente explicáveis, razoáveis e lógicos. O PSDB quer chegar ao poder? Que saiba lê-los. E ai daquele que apostar que uma vitória de Dilma rearranjaria todo o cenário, abrindo o caminho para novas lideranças nas oposições etc.
Isso é prova de desconhecimento do que é realmente o PT. Essa é uma aposta similar àquela de meados de 2005 de que Lula sangraria no poder até o definhamento.

Quem tem de decidir se quer ganhar ou perder é o PSDB. O PT já decidiu: quer ganhar.
Blog do Reinaldo Azevedo: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

domingo, 31 de janeiro de 2010

O Onipotente, Onisciente e Onipresente.




Ao brincar de Deus, Lula se dá conta de que é mortal

OrlandeliAs piadas, como as ideologias, são moldadas pelo tempo. Corre em Brasília uma dessas anedotas velhas que as circunstâncias se encarregam de ajustar.

O presidente saía do banho. Trazia uma toalha amarrada na cintura. A caminho do closet, deu de cara com uma camareira do Alvorada.

Súbito, o nó que prendia a toalha se desfez. E o pedaço de pano que lhe protegia as vergonhas foi ao solo. A camareira arregalou os olhos: “Óhhhh! Meu Deus!''.

E o presidente, com ar de indisfarçável superioridade: “Sim, sim, companheira. Mas pode me chamar de Lula”.

Na última quarta-feira, falando para uma platéia de pernambucanos amistosos, Lula discorreu sobre algo que lhe causa jucunda satisfação.

“Vocês estão lembrados, o orgulho que eu tenho, quando o FMI chegava aqui no Brasil humilhando o governo brasileiro...”

“...Já descia no aeroporto, dando palpite, dizendo o que a gente tinha que comprar, o que a gente tinha que vender, o que a gente tinha que estatizar...”

“...Agora quem fala grosso sou eu. Porque, se antes era o Brasil que devia ao FMI e ficava que nem cachorrinho magro, com o rabo entre as pernas, agora quem me deve é o FMI”.

Vale a pena repetir dois pedaços do raciocínio do presidente. O primeiro: “Agora quem fala grosso sou eu.” O outro: “Agora quem me deve é o FMI”.

Os ouvidos sensatos alcançados pelo lero-lero de Lula viram-se tentados a perguntar: Eu quem, divino presidente? Eu quem, supremo mandatário?

Ora, quem deu o dinheiro que o Brasil borrifou nas arcas do FMI foi a bugrada. Lula apenas o gastou. O Fundo deve aos brasileiros, não a Sua Excelência.

Parece implicância, mas é preciso dizer: Tudo leva a crer que algo de muito errado sucede com a cabeça do presidente da República.

Falta-lhe o parafuso que fixa as sinapses que ligam os neurônios do bom-senso aos da humildade. Lula esforça-se para mimetizar Luís XIV de Bourbon.

O soberano francês foi ao verbete da enciclopédia como autor da frase fatídica: “L’État c’est moi”. Lula o ecoa: “O Estado sou Eu”.

O presidente não gosta da rotina de Brasília. A idéia de acordar, pendurar uma gravata no pescoço e ir ao Planalto para receber, digamos, Edison Lobão o aborrece.

Dono de popularidade alta e de discurso baixo, Lula prefere a eletricidade proporcionada pelas multidões à frieza das audiências individuais.

Sua praia é o palanque. A visão das platéias hipnotizadas o conduz a um plano superior. Agrada-o a sensação de espectadores que o vêem como um Deus.

Lula aceita o papel. Gostosamente. À medida que se aproxima do final, seu governo vai virando um grande comício. Um comício entrecortado por audiências brasilienses.

No caminho para as estrelas, Lula pisa nos tribunais, distraído. Em campanha aberta por Dilma Rousseff, testa os limites da Justiça Eleitoral.

Se o TCU e o Congresso cortam as verbas de obras tisnadas pela irregularidade, o presidente “dá” o dinheiro. Com uma canetada, libera R$ 13 bilhões.

Às favas com os auditores. Que se dane o Congresso. A oposição chiou? São uns “babacas”. Não se opõem ao presidente. São rivais da razão divina.

No discurso de quarta-feira, aquele em que celebrou o fato de que o FMI lhe deve, Lula exagerou. Brincou de Deus.

Inaugurava um posto de saúde em Pernambuco. A alturas tantas, fez uma pilhéria premonitória: “Dá até vontade de a gente ficar doente para ser atendido aqui”.

Adoeceu. Não foi à cama do “seu” estabelecimento. Levaram-no, obviamente, a um hospital de primeira linha, mais condizente com sua condição de presidente.

Lula atravessou uma dessas experiências que dão aos (falsos) deuses a incômoda sensação de finitude.

Foi como se Deus –o autêntico, o genuíno –soprasse nos ouvidos do seu genérico: “Não desperdice a popularidade que Eu te dei. Aproveite o seu tempo...”

“...Celebre os acertos, reveja os erros. Respeite as diferenças. Não apequene sua grandeza. Reaprenda a saborear as delícias da humildade!”


Fonte: Blog do Josias de Souza - http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/

Dilma???


Deu em O Estado de S. Paulo

Superfaturamento de R$ 1 bi em obras de aeroportos
Relatório diz que esquema de fraudes em licitações foi arquitetado pela cúpula da Infraero na gestão Carlos Wilson
De Fausto Macedo e Bruno Tavares:
A Polícia Federal apontou superfaturamento de R$ 991,8 milhões nas obras de dez aeroportos administrados pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) - Corumbá, Congonhas, Guarulhos, Brasília, Goiânia, Cuiabá, Macapá, Uberlândia, Vitória e Santos Dumont.
Todas as obras foram contratadas durante o primeiro mandato do governo Luiz Inácio Lula da Silva, entre 2003 e 2006.
Relatório final da Operação Caixa Preta sustenta que o desvio é resultado de um esquema de fraudes em licitações arquitetado pela cúpula da estatal na administração Carlos Wilson, que presidiu a Infraero naquele período.
Ex-deputado, ex-senador e ex-governador de Pernambuco (1990), Carlos Wilson foi filiado à antiga Arena, ao PMDB, ao PSDB e, por último, ao PT. Ele morreu em abril de 2009, aos 59 anos, vítima de câncer.
Os principais assessores de Wilson no comando da Infraero foram enquadrados pela PF: Josefina Valle de Oliveira Pinha, ex-advogada-geral do Senado que exerceu a função de superintendente jurídica da estatal; Adenahuer Figueira Nunes, ex-diretor financeiro, e Eleuza Lores, ex-diretora de engenharia - o indiciamento de Eleuza foi suspenso pelo Superior Tribunal de Justiça.
O dossiê da PF esmiúça em 188 páginas como operou "um seleto e ajustado grupo" de 18 empreiteiras.
A Polícia Federal imputa seis crimes a 52 investigados, entre ex-dirigentes e funcionários da Infraero, empresários, projetistas e fiscais: formação de quadrilha, peculato (crime contra a administração pública), corrupção ativa e passiva, crimes contra a ordem econômica e fraude em licitações.


por Ruy Fabiano

Plebiscito de araque

A estratégia de dar conteúdo plebiscitário à campanha eleitoral, sustentada por Lula e PT, está em contradição com o próprio diagnóstico presidencial a respeito destas eleições.
Há algumas semanas, o presidente sublinhou, como aspecto positivo – e indicador de nossa evolução política –, o fato de não haver candidatos de direita. Todos, na sua ótica, seriam progressistas. E isso seria bom.
Mais de uma vez, elogiou a qualidade de cada candidato. De fato, todos – Dilma, Marina Silva e José Serra - vieram da esquerda.
Só Ciro veio da direita. Foi filiado à Arena, partido de sustentação ao regime militar. Mas já fez seu mea culpa e profissão de fé pública no socialismo, com uma veemência rara. É socialista – e ponto.
Nesses termos, o plebiscito não tem cunho ideológico, na base do direita versus esquerda, mas tão-somente personalista, dentro dos padrões populistas mais ortodoxos.
Lula é o referencial. A eleição seria Lula versus “o outro”. O outro é Fernando Henrique Cardoso.
Nenhum dos dois, porém, é candidato. O embate, em princípio, será entre José Serra e Dilma Roussef, que têm biografias distintas dos seus patronos. Mas o presidente fala claramente nas duas eras: a dele e a de FHC. Povão versus elites.
A era dele, porém, naquilo que apresenta de êxito e substância doutrinária – a política econômica –, decorre da era anterior.
Dá-lhe sequência. Não é casual que, à frente do Banco Central, esteja um ex-tucano, Henrique Meirelles, trazido para a política por Fernando Henrique, que o fez candidatar-se a deputado federal em 2002.
Para sinalizar ao mercado que não mexeria na política econômica – e não mexeu -, trouxe um tucano para o Banco Central. Hoje, Meirelles, filiado ao PMDB, é um dos ícones da Era Lula, que sonha em tê-lo como vice na chapa de Dilma Roussef.
O outro ponto forte da Era Lula é o Bolsa Família, seu principal cabo eleitoral, que, além de lhe render popularidade, serve para demonizar os adversários, acusados de planejar sua extinção.
Ocorre que mesmo essa polarização é artificial e não resiste a um retrospecto. Quem aderiu ao sistema de bolsas foi o governo Lula, que antes o criticava.
Esse sistema chegou ao formato atual inspirado no Bolsa Educação, concebido nos anos 90 pelo então prefeito de Campinas, hoje já falecido, Roberto Magalhães Teixeira, do PSDB.
O então governador do DF, Cristovam Buarque, encantou-se com a idéia e a trouxe a Brasília. Fernando Henrique gostou e a adotou nacionalmente. Lula, ao contrário, repudiou-a.
São palavras dele, em 2000, disponíveis no YouTube: “Lamentavelmente, no Brasil, o voto não é ideológico, e as pessoas lamentavelmente não votam partidariamente. E lamentavelmente você tem uma parte da sociedade que, pelo alto grau de empobrecimento, é conduzida a pensar pelo estômago e não pela cabeça.
É por isso que se distribui tanta cesta básica. É por isso que se distribui tanto tíquete de leite. Porque isso, na verdade, é uma peça de troca, em época de eleição. E assim você despolitiza o processo eleitoral.
Você trata o povo mais pobre da mesma forma que Cabral tratou os índios quando chegou no Brasil, tentando distribuir bijuterias e espelhos para tentar ganhar os índios. Você tem como lógica a política de dominação, que é secular no Brasil.”
O projeto social de Lula, quando assumiu – e está no discurso de posse –, era o Fome Zero, que não deu certo. O Bolsa Família reúne os programas da Rede de Proteção Social, concebido e conduzido por dona Ruth Cardoso, que incluía ainda itens como vale-gás e bolsa-alimentação.
Fundiu-se tudo num rótulo novo e ampliou-se o número de beneficiados, etapa seguinte à implantação da idéia.
Não há, pois, nem mesmo na política assistencialista, o contraste indispensável aos plebiscitos, que é o choque de idéias ou projetos antagônicos.
O que há é a velha luta por cargos entre PSDB e PT, cuja origem é São Paulo, berço de ambos. São os irmãos Karamazov da política brasileira. Não se entendem, mas se parecem.
O tom plebiscitário artificial que se quer impor à campanha serve, como dizia Lula em 2000, para “despolitizar o processo eleitoral” e manter “como lógica a política de dominação”.
A massa, atenta ao Bolsa Família, continuará a “pensar com o estômago”, já que as questões mais relevantes estarão à margem dos debates.
Pior para os debates. Pior para o eleitor.

Ruy Fabiano é jornalista

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010


Lula, o filho da Pura 51 do Brasil é uma comédia in$pirada por gordas verbas governamentais que conta a história do atual presidente da república da Banânia desde seu nascimento numa manjedoura, passando pela sua canonização até anos antes de ser eleito Papa.
Economist: Lula em filme é bom demais para ser verdade
Da BBC, em O Globo:
Uma reportagem publicada nesta quinta-feira na revista britânica The Economist afirma que o Luiz Inácio Lula da Silva apresentado no filme Lula, o Filho do Brasil "é bom demais para ser verdade".
O artigo diz que o filme conta a história de um garoto pobre que subiu na vida, "cujas virtudes foram capturadas em close-up, mas cujos defeitos ficaram na mesa de edição".
"(Lula) é bom demais para ser verdade: estudante perfeito, marido perfeito e um político moderado que repudia a violência", diz o artigo. "É uma pena. Uma versão com mais nuances não diminuiria a formidável trajetória e as conquistas de Lula".
O artigo leva o título "Lula, Higienizado", porque, para o autor, o filme amenizou ou apresenta versões completamente diferentes do que teria sido narrado na biografia em que o filme foi baseado.
"É uma versão adocicada", diz o texto. Como exemplo, o artigo cita um incidente narrado no livro e que teria sido "aprovado por Lula", o episódio em que o diretor de uma fábrica em greve é atirado de uma janela.
No filme, Lula se distancia da fábrica "chocado", o que seria "vergonhoso", diz o texto.
Leia mais em:
Lula em filme é bom demais para ser verdade, diz 'Economist'