sábado, 24 de novembro de 2007

É brincadeira???

Ricardo Stuckert











Primeira-dama
: Maria Emília Évora cuida das despesas de Dona Marisa. Suas faturas foram de R$ 441 mil entre janeiro e agosto de 2004 – R$ 198 mil sacados em dinheiro, é pra isso que o governo Lula tanto luta pela aprovação da CPMF.

Quem gasta mais??




Saques em dinheiro vivo no governo Lula!!!


Tribunal de Contas da União investiga uso de cartões corporativos para retiradas em espécie por funcionáriosda Presidência da República


por hugo studart


Chegou na terça-feira 16 ao gabinete do ministro Ubiratan Aguiar, do Tribunal de Contas da União, um pedido de devassa em todas as prestações de contas com cartões de crédito corporativos de funcionários do Governo Federal. Protocolada a 14 de julho no TCU, onde recebeu o número 011.825/2005, a requisição ganhou condição de processo oficial. Aguiar deve emitir um parecer e, nos próximos dias, o pedido deve ser votado pelo conjunto dos sete ministros do TCU. O que o tribunal vai decidir, em suma, é a quebra do sigilo dos cartões de crédito corporativos utilizados por funcionários do Palácio do Planalto para pagar as despesas do Gabinete da Presidência da República, da Granja do Torto – onde o presidente Lula reside com sua família – e dos ministros que assessoram diretamente o presidente. De acordo com a documentação sigilosa que dá lastro ao processo, à qual DINHEIRO teve acesso com exclusividade, o Palácio do Planalto pagou, entre janeiro e agosto do ano passado, R$ 5,5 milhões em despesas com cartões de crédito. Os gastos com cartão neste ano aumentaram. Até a última quinta-feira 18, as faturas dos cartões corporativos do governo federal somavam exatos R$ 10.268.310,98, segundo dados do Sistema de Acompanhamento Financeiro da Administração Federal (Siafi). Do total, R$ 5.670.849,53 referem-se a despesas do gabinete do presidente. O que mais inquieta os ministros do TCU, no entanto, é o volume de saques em dinheiro vivo feito por funcionários do Planalto através dos cartões corporativos. Entre janeiro e agosto de 2004, de um total de R$ 3,2 milhões em faturas, esses funcionários sacaram R$ 2,2 milhões em espécie – o outro R$ 1 milhão foi usado para pagamento de despesas, aquela que deveria ser a função primordial dos cartões. Este ano, a prática continua disseminada, mantendo a proporção. Dados do Siafi mostram que, dos R$ 10,2 milhões movimentados até a última quinta-feira, R$ 6,8 milhões foram retirados em dinheiro vivo. O valor dos pagamentos efetuados diretamente com cartões é a metade, R$ 3,4 milhões. Ou seja, os saques em dinheiro vivo representaram, em média, dois terços das faturas dos cartões.

A descoberta, pelo TCU, de que em vez de quitar as despesas do gabinete presidencial com o cartão de crédito, os assessores do presidente Lula mantêm o procedimento de sacar dinheiro vivo ocorre no momento em que o Congresso investiga movimentações em cash por políticos e partidos. “Os cartões corporativos foram adotados justamente para aumentar o controle e a transparência”, lembra o procurador Marinus DeVries Marsico, representante do Ministério Público no TCU e autor do pedido de quebra de sigilo dos cartões do Planalto. “Esses saques são exagerados, são cheques em branco, um artifício que desvirtua o uso dos cartões”. O relator do processo, Ubiratan Aguiar, também se mostra impressionado: “O tema é tão relevante que merece máxima celeridade”, promete. “As explicações do governo não são suficientes, os procedimentos adotados não são adequados e a possibilidade de irregularidade é real”, diz o ministro Marcos Vilaça, autor de acórdão sobre o tema publicado pelo TCU na virada do ano. Desde que Lula tomou posse, as faturas do governo com cartões corporativos, sem prestação de contas ao TCU, já somaram R$ 18,7 milhões.

Para ajudar os ministros a decidir a quebra do sigilo dos cartões do Planalto, o auditores do tribunal elaboraram uma relação de todos os funcionários que receberam cartões corporativos. O presidente Lula não tem cartão, nem a primeira-dama Marisa Letícia, nem qualquer ministro ou autoridade conhecida. Somente um grupo de funcionários de carreira, que trabalham como assessores diretos no governo, ganhou cartão. No primeiro ano do governo Lula, 53 servidores do Planalto portavam cartões. A partir de 2004, o número foi reduzido para 48. Chamados de “ecônomos”, eles têm por tarefa tanto fazer as pequenas compras de lanches e papelaria do Planalto, do Palácio da Alvorada e da Granja do Torto, como acompanhar o presidente em suas viagens, pagando as despesas com hotel, alimentação e transporte da comitiva. Os auditores também produziram um documento com a relação de cada um desses ecônomos, nome, CPF, a unidade da Presidência em que servem – e o volume de saques em dinheiro vivo de cada um, assim como os gastos pagos com cartão. Feito por amostragem e com base em dados do Siafi, o levantamento cobre o período entre janeiro e agosto de 2004. Nele, alguns servidores, principalmente os lotados junto à Presidência, destacam-se pelo volume de gastos e saques.


De acordo com o documento, o funcionário Clever Pereira Fialho, CPF 265.787.941-53, lotado junto ao presidente, é o campeão absoluto dos gastos. Suas faturas no período somaram mais de R$ 1 milhão – sendo que os saques em dinheiro vivo foram de R$ 226,9 mil. DINHEIRO apurou que Clever é hoje o ecônomo titular do presidente. Lula também trabalha em revezamento com outros oito ecônomos, como Anderson Pereira de Aguiar (saques de R$ 239,3 mil), José Roberto Possa (saques de R$ 205,9 mil) e Ademar Paoliello Freire (saques de R$ 199,1 mil). No total, os nove ecônomos de Lula sacaram no período R$ 1,510 milhão – uma média de R$ 189 mil mensais. Outro nome que chamou a atenção dos auditores é o de Maria Emília Matheus Évora, CPF 389.868.251-04. Nos oito meses examinados pelo TCU, ela movimentou com o cartão R$ 441,5 mil – os saques em dinheiro foram de R$ 198,1 mil, numa média de R$ 24,8 mil mensais. DINHEIRO apurou junto a duas pessoas com assento no Planalto que Maria Emília, titular da equipe precursora que cuida das viagens do presidente, é a ecônoma destacada para cobrir as despesas da primeira-dama. A mulher do presidente está sempre acompanhada de sargentas do Exército – e são as sargentas que acertam suas contas com Maria Emília. Na semana passada, dois colunistas – Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, e Giba Um, que mantém um site na internet – publicaram simultaneamente a informação de que Marisa Letícia costuma pagar com cartões de crédito corporativos suas visitas ao cabeleireiro Wanderley Nunes, que atende em um mega-salão no Shopping Iguatemi, em São Paulo. O Planalto desmentiu. Wanderley também. Ele disse que, desde a campanha eleitoral, corta o cabelo de Marisa de graça. “Nunca cobrei dela, porque acima de tudo é minha amiga”, assegurou ele – tempos atrás, o mesmo cabelereiro chegou a declarar que a primeira-dama fazia questão de pagar os cortes à vista. Ato contínuo à publicação das notas, o presidente do Senado, Renan Calheiros, enviou requerimento do PSDB ao Planalto pedindo explicações sobre os gastos com cartões corporativos. No início da tarde de quarta-feira 17, os documentos do TCU obtidos pela DINHEIRO foram enviados por fax para Secretaria de Imprensa da Presidência da República, que os encaminhou para a assessoria da ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil. Até a tarde de sexta-feira 19, o Planalto não havia se manifestado sobre o assunto. Procurada por DINHEIRO, Maria Emília disse que não poderia dar entrevistas e que qualquer informação deveria ser prestada pela Secretaria de Imprensa da Presidência.


Fonte: ISTO É DINHEIRO


Este é um país que vai pra frente














Evolução Petista








A CPMF e a farra dos gastos secretos

POR Ruy Fabiano

Brasília (21 de novembro) - O governo Lula pleiteia no Senado Federal a aprovação de nova prorrogação da CPMF. Não vem ao caso lembrar as contradições que cercam esse tributo, a começar pelo nome: não é contribuição, por ser compulsório; nem provisório, por não ter fim. Hoje, é defendido por quem no passado o execrava - e atacado por quem antes o defendia. Nisso, governo e oposição se igualam, investindo com a mesma cara-de-pau na amnésia do contribuinte. Vejamos, porém, em que ambiente tal postulação se faz. A ONG Contas Abertas acaba de constatar que nos últimos três anos as despesas com pessoal no gabinete do presidente da República mais que duplicaram. A assessoria de Lula em 2004 era composta de 68 pessoas, com salários acima de R$ 6 mil. Não era exatamente uma assessoria enxuta. Basta dizer que já não cabia nos espaços palacianos a ela destinados. Pois bem: mesmo assim, aumentou. Passou para 149 integrantes. Nada menos - e há mais. Além da "assessoria particular", há ainda a "equipe de apoio". Mistério dos mistérios: o que distinguirá um "assessor particular" de um integrante da "equipe de apoio"? Enquanto não se descobre, saiba-se que nesse segundo quesito havia, em 2004, 28 pessoas. Hoje, o número quase dobrou: 49 pessoas. E o detalhe: a ONG informa que "quase todos" - assessores e "apoiantes" - são egressos do meio sindical, circunstância que dispensa comentários, por ser auto-explicável. Mas não é tudo. Essa vasta falange de auxiliares atua no Palácio do Planalto. Mas há ainda a turma do Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente. Lá, há mais 60 servidores, além da equipe de segurança. Diante disso, não é de estranhar que as contas da Presidência da República tenham subido - e substantivamente. A ONG Contas Abertas diz que passaram, nestes três anos, de R$ 223 milhões anuais para R$ 350 milhões - mais de 70 vezes o investimento no programa de eletrificação rural Luz para todos. O mais grave, porém, não são os valores, mas o fato de que não há meios de auferir a natureza dos gastos. As contas da Presidência, que agora incluem propaganda governamental (!), são em boa parte rotuladas como "secretas". Há aí uma contradição em termos: como algo pode ser simultaneamente público e secreto? Não se trata de gasto com arma estratégica ou operação militar sensível à segurança nacional que, nesses termos, justificasse sigilo contábil circunstancial. Não, trata-se de despesas rotineiras de manutenção de estrutura de apoio de repartição do Estado. Por que o gasto com cartões de crédito de assessores do presidente da República é secreto? Por que assessores do presidente da República têm cartões de crédito bancados pelo Estado? Ano passado, a secretaria da Presidência da República gastou R$ 4,9 milhões com cartões de crédito, dos quais R$ 4,8 milhões estão protegidos pelo rótulo de "secretos". Por quê? Um governo (qualquer governo) que postula aumento de impostos - e CPMF é na prática imposto - deve no mínimo clareza em seus gastos. Não é, como se vê, o caso. Mas os gastos na esfera íntima da Presidência da República não são os únicos inacessíveis ao contribuinte. Há muitas outras zonas cinzentas que passam ao largo do Tribunal de Contas da União (TCU), como os gastos dos dirigentes das estatais, das embaixadas e consulados brasileiros no exterior. A propósito, as estatais vão abocanhar ano que vem (está no Orçamento da União para 2008) nada menos que R$ 782,3 bilhões - mais que o ganho anual integral de 19 CPMFs. Como irão gastá-los, saberemos apenas em parte. Não obstante, pagaremos a conta integralmente.

Fonte: Correio Braziliense.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

A falta que o PT faz, Por Ricardo Noblat

Imagine só o barulho que o PT não teria feito no Congresso, nas Assembléias Legislativas e Câmaras Municipais se o presidente da República, seu adversário, tivesse celebrado a compra de 20 aviões por uma empresa que quebraria menos de três meses depois, desempregando mais de mil funcionários e deixando milhares de passageiros com bilhetes pendurados na broxa?

Quantos dos passageiros sem assento não compraram seus bilhetes confiados no aval dado pelo presidente à empresa? Será que a precária situação financeira da empresa era ignorada pelo governo a menos de três meses de sua falência? E que governo é esse que não sabe o que se passa com uma empresa de aviação prestigiada pelo presidente da República?

Isso poderia configurar crime de responsabilidade. E ser objeto de uma ação popular.

Para infernizar a vida do seu adversário, o PT não deixaria passar uma ocasião assim por nada deste mundo.

Pois bem: Lula visitou a fábrica da Embraer de São José dos Campos em 21 de agosto último. E lá comemorou a compra de 20 jatos pela BRA. Alguns trechos do discurso dele:

(...) Há pouco mais de 3 anos estive aqui para o lançamento da Família Embraer 170-190, que é um sucesso extraordinário da indústria nacional. Hoje, comemoramos a assinatura de um contrato entre a empresa BRA e a Embraer para a compra de 20 jatos Embraer 195, no valor de 730 milhões de dólares, ou cerca de 1 bilhão e meio de reais. O contrato se refere a mais de 20 opções do mesmo modelo, o que pode elevar o seu valor a 1 bilhão e 460 milhões de dólares.

(...) Este é um fato muito importante. Na verdade, e por várias razões, um marco na aviação brasileira. E, aqui, eu queria dizer à direção da BRA que possivelmente hoje ficará marcado como o dia em que as empresas aéreas brasileiras descobriram a Embraer.

(...) Pois bem, eu penso que a BRA está dizendo claramente o seguinte: nós temos uma empresa de ponta, que produz um produto de ponta e que atende plenamente os desejos do mercado nacional, com autonomia para voar de Porto Alegre ao Ceará em vôo direto e com conforto. E, possivelmente, o gesto que a BRA está fazendo neste momento será repetido por outras empresas.

(...) Então, essa combinação que a BRA está fazendo nesse instante [compra de aviões de médio porte e vôos regionais] pode significar uma novidade extraordinária e uma revolução no conceito da aviação brasileira. Eu tenho certeza de que nesses próximos anos a BRA vai colher com o lucro e com o crescimento do número de clientes pela aposta certa que está fazendo de acreditar cada vez mais na aviação regional.

(...) A BRA está dando uma demonstração de que não é apenas o coração que é brasileiro ou a cabeça que é brasileira, ela é uma empresa que acredita no crescimento da oferta de passageiros neste País para cumprir a demanda que eles vão oferecer.

Ontem à tarde, no Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI) contou que no último sábado foi abordado por um homem em desespero no aeroporto de Brasília. Ouviu dele que comprara sete passagens da BRA para viajar de férias no fim do ano com toda a sua família.

- Por que o senhor comprou com tanta antecipação passagens de uma companhia de terceiro nível para uma viagem de férias? - perguntou Heráclito.

- Por um motivo muito simples: há um mês e meio, eu vi o presidente da República sendo fotografado ao lado do presidente dessa companhia e anunciando o financiamento de vinte aviões pelo BNDES. O Presidente, ali, avalizava. Era o garoto-propaganda não só da companhia aérea, mas também daquela negociação - respondeu o homem aflito.

A história contada por Heráclito não sensibilizou a maioria dos seus pares, ocupada com manobras de última hora para a votação amanhã na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado da emenda que prorroga a cobrança da CPMF.

Cadê o PT, gente?

Quanta falta ele faz ao país...

É uma Lula?? Ou é um Polvo??

Depois de afirmar que não existiu mensalão, que a saúde no Brasil é quase um modelo de perfeição e que não existe no país ninguém mais ético do que ele (será que ele não quis dizer etílico??) O nosso presidente agora defende seu melhor amigo de trapalhadas, afirmando que existe democracia na Venezuela!!, só falta o nosso apedeuta presidente lançar um programa tipo: BOLSA PAPAI-NOEL!!!

Por Alex Joseph.


Abaixo matéria publicada no jornal Folha de São Paulo, pelo eminente jornalista Josias de Souza.

Em entrevista que concedeu nesta quarta-feira (15), Lula tratou o compañero Hugo Chávez com extremo respeito. Elogiou-lhe a dignidade. Enalteceu-lhe a compostura democrática. Ou seja, o presidente brasileiro estava completamente fora de si.

Num instante em que parte do Congresso, à frente o protogovernista José Sarney, ameaça vetar o ingresso da Venezuela no Mercosul, sob a alegação de que o vizinho não respeita os valores democráticos, Lula saiu em defesa do amigo: "Podem criticar o Chávez por qualquer outra coisa. Inventem uma coisa para criticar o Chávez. Agora por falta de democracia na Venezuela não é. Estou há cinco anos no poder. Vou chegar a oito anos. Eu participei de duas eleições. O que eu sei é que a Venezuela já teve três referendos, já teve três eleições não sei para onde, já teve quatro plebiscitos. O que não falta é discussão.” Sem medo de ser feliz, Lula defendeu o direito de Chávez de alterar a Constituição para obter um “terceiro mandato.” Insinuou que os críticos são movidos a preconceito. “Por que ninguém se queixou quando Margaret Thatcher [ex-primeira-ministra britânica, que deu as cartas entre 1979 e 1990] ficou tantos anos no poder?” Um dos repórteres esfregou o óbvio na cara de Lula. Lembrou que a Grã-Bretanha vive sob regime parlamentarista. Ou seja, o primeiro-ministro pode ser destituído a qualquer momento pelo Parlamento. Lula não se deu por achado: “É continuidade, não tem nada de distinto. Muda apenas o sistema, o regime, de presidencialista para regime parlamentarista. Não importa o regime, mas o exercício do poder.” Mencionou, além de Tatcher, dois outros ex-chefes de Estado de regimes parlamentaristas: o espanhol Felipe Gonzalez e o alemão Helmut Kohl. E injetou um abacaxi, o francês François Miterrand, no cesto de abóboras. “Ninguém se queixa do Felipe González, que ficou tantos anos; ninguém se queixa do Mitterrand, que ficou tantos anos; ninguém se queixa do Helmut Kohl, que ficou quase 16 anos”, disse Lula. Quando escora seu argumento na trajetória de ex-primeiros-ministros longevos, Lula apenas tortura os meios para atingir um fim. Quando enfia Mitterrand na tortuosa peroração que erigiu para defender impensável, levou às últimas conseqüências a ofensa à lógica. A França é República semi-presidencialista. Eleito pelo povo, o presidente nomeia o primeiro-ministro. François Mitterrand presidiu a França por 14 anos (1981-1995) porque obteve do povo dois mandatos. Mandatos que a Constituição da França fixa em sete anos. Desceu ao verbete da enciclopédia sem enodoar a biografia com alterações constitucionais de fancaria. Fez dois governos dignos de críticas, sobretudo o segundo. Mas não merece a desfeita de ser comparado a Chávez. De resto, Lula considerou que “não houve exagero” da parte de Chávez ao chamar o ex-primeiro-ministro espanhol José María Asnar de “fascista”. “Houve uma fala do Chávez, que o rei achou que era demais, que era uma crítica ao ex-primeiro-ministro da Espanha que tinha apoiado o golpe venezuelano no primeiro momento. Essas coisas acontecem. Obviamente, a diferença qual é? Que o rei estava na reunião. Quem falou ‘cala-te’ foi o rei, não foi um de nós, porque, entre nós, nós divergimos muito”. As considerações de Lula vieram no vácuo dos últimos rugidos de Chávez na direção da Espanha. Bramidos tonificados por um sussuro de Evo Morales, o presidente da Bolívia. Chávez tem todo o direito de cultivar sobre Aznar a opinião que bem entender. Eleito democraticamente, foi vitimado, em 2002, por um golpe de generais sem tropa, apoiados por bando de empresários oportunistas, amparados por um naco de mídia parcial. Coisa inaceitável. Tão reprovável quanto o fracassado golpe que o coronel Chávez tentara aplicar dez anos antes, em 1992. O que se discute é a má educação do compañero. Valer-se de uma cúpula internacional, realizada em terra estranha, para jogar na cara de José Luís ‘Exijo Respeito’ Zapatero e de Juan ‘Por que não te calas’ Carlos um episódio que não lhes diz respeito é coisa de histrião desgovernado. Lula disse: “Se nós dermos menos palpite nas regras do jogo dos outros países e olharmos o que nós estamos fazendo, todos nós sairemos ganhando.” Tem razão. Mas daí a considerar a Venezuela de Chávez um exemplo de democracia vai enorme distância.

Escrito por Josias de Souza
Fonte: Folha de São Paulo.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007


Esta matéria foi publicada no blog do eminente jornalista Josias de Souza no dia 03/11/2007

Más como dificilmente perderá com tempo o seu teor crítico, resolvi reproduzi-lo aqui no meu blog.




Vai abaixo artigo do repórter e deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), veiculado na Folha



“Há um verso de Drummond que diz: ‘Também sou brasileiro, moreno como vocês’. Continuo moreno, mas às vezes duvido se sou mesmo brasileiro. Talvez pelos longos anos de exílio, ou pela ausência de um equipamento mental adequado, o fato é que fico perplexo no momento em que todos parecem eufóricos.
Acho estranho que governo e oposição briguem tanto em torno das verbas de saúde e sejam tão unanimemente festivos quando se comprometem a gastar com futebol. Não condeno gastos com a Copa, apenas lamento que essa ruidosa concordância não se dê em torno de outros temas essenciais.
Mais curioso ainda é o deslocamento de governadores para Zurique. Será que nenhum deles tinha algo mais importante a fazer? Em outras palavras: nenhum deles teve a coragem de dizer aos seus eleitores que a viagem, em termos de custo-benefício, não compensava?
Com tantos aspones, marqueteiros e puxa-sacos, certamente pesaram seus passos e acharam que sim, compensava, em termos eleitorais, participar da caravana internacional. Sempre nos acusam de espírito de vira-latas quando criticamos esse espalhafato. Mas não seria espírito de vira-lata toda essa ansiedade e oba-oba quando somos candidatos únicos? E essa história de escritores com metáforas duvidosas, essa mania de aplaudir entrevista coletiva, como fizeram como a de Ricardo Teixeira?
Será que os aspones acham que impressionam os repórteres? Teixeira usou na entrevista um recurso, momentaneamente, típico no Brasil. Questionado sobre a violência, afirmou que ela existe também nos EUA e na Inglaterra. Tirem EUA e Inglaterra e coloquem "governo passado" e terão a fórmula mágica.
Pior que, na caravana, estavam governo presente, passado e, possivelmente, futuro. Lembro-me de que, quando jovem repórter, fiz, numa coletiva em Portugal, pergunta sobre a ambigüidade brasileira na ONU em relação à independência dos países africanos. O então chanceler Juracy Magalhães respondeu irritado: como é possível torcer contra o Brasil? Considerava as dúvidas como antibrasileiras.
Quando todos celebravam, amargava minhas dúvidas, não sobre a Copa, mas sobre essa trajetória de provincianos ruidosos em Zurique. Entre aplaudir a entrevista de Ricardo Teixeira e vaiar até minuto de silêncio, há margem de manobra. Continuarei vaiando os governos do passado, do presente e do futuro próximo. Certamente vão perguntar: como é possível torcer contra o Brasil? De certa forma, é minha especialidade. Se ser brasileiro é isso, não contem comigo.”


Escrito por Josias de Souza.


terça-feira, 13 de novembro de 2007

por Ricardo Noblat

Caso Renan:

O Último ato da farsa

Vocês viram como o Caso Renan Calheiros sumiu do espaço nobre da mídia?
Não é culpa dela. Outros assuntos mais candentes se levantaram - entre eles a prorrogação da cobrança da CPMF. De resto, caiu a ficha de Renan e ele fez o que deveria ter feito há seis meses: licenciou-se do cargo de presidente do Senado e submergiu.
Mais adiante, e em grande estilo, renunciará de vez ao cargo.
De repente, não mais do que de repente, Leomar Quintanilha (PMDB-MT), presidente do Conselho de Ética do Senado e aliado de Renan, anunciou ontem à noite que Renan será julgado amanhã pelo Conselho.
Amanhã não será. Amanhã os senadores João Pedro (PT-AM) e Jefferson Péres (PDT-AM) apresentarão seus relatórios sobre mais dois processos a que Renan responde.
João Pedro pedirá a absolvição de Renan. Perés, a condenação.
Alguns senadores pedirão vista dos relatórios. E o julgamento ficará para a próxima semana.
O Conselho deverá condenar Renan por quebra de decoro no processo relatado por Péres. Mas em seguida Renan será absolvido no plenário do Senado.
Está tudo certo por lá. E com o governo também.
Gostaram? Esperavam o quê?
Ora, ora, ora...
(Aqui, uma memória sobre o Caso Renan feita por Carol Pires, repórter do blog:
1. Acusado de ter tido despesas pessoais com a ex-amante Mônica Veloso pagas por um lobista da empreiteira Mendes Júnior, Renan acabou absolvido por seus pares.
2. Irmão de Renan, o deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL) vendeu uma empresa falida de refrigerantes em Alagoas à cervejaria Schincariol. Renan ajudou a cervejaria a se livrar de dívidas junto ao INSS. João Pedro (PT-AM) é relator do caso no Conselho de Ética.
3. Renan é acusado de ter comprado um jornal e duas emissoras de rádio em Alagoas usando "laranjas" e dinheiro não declarado à Receita Federal. O relator do processo no Conselho é Péres.
4. Renan é acusado de embolsasr dinheiro desviado de ministérios comandados pelo PMDB. O relator do processo, Almeida Lima (PMDB-SE), servo de Renan, diz que não tem previsão para entregar seu parecer ao Conselho.
5. Renan é acusado de mandar espionar os senadores Marconi Perillo (PSDB-GO) e Demóstenes Torres (DEM-GO) que votaram por sua condenação no processo em que ele foi absolvido pela maioria dos seus pares no plenário. Esse novo processo ainda está sem relator.
6. Renan é acusado de facilitar a destinação de dinheiro do Orçamento da União para uma empresa fantasma de um funcionário do seu gabinete. O processo só será remetido (se for) pela direção do Senado ao Conselho de Ética depois que ali forem julgados os demais processos.)

Fonte: Folha de São Paulo

Dúvida Cruel!!


Terceiro Mandato?? Não!!!


Emenda do ‘terceiro mandato’ já tramita na Câmara Lula jura que não quer, o PT assegura que não deseja. Mas já tramita pelos escaninhos da Câmara dos Deputados uma proposta de emenda que abre na Constituição uma janela para que o atual presidente da República dispute a re-reeleição em 2010. Mais: faculta aos detentores de mandatos majoritários (presidente, governadores e prefeitos) a possibilidade de reeleições infinitas. Algo parecido ao que o congresso venezuelano proporcionou ao presidente Hugo Chaves.
Deve-se à repórter Andreza Matais, da Folha (só assinantes) a descoberta da nova mumunha. Trata-se de uma emenda antiga, de 2000. Dormitava nos arquivos. Foi devolvida ao mundo das propostas vivas pelo presidente da Câmara, o petista Arlindo Chinaglia (SP). Deu-se a pedido do também petista Fernando Ferro (PT-PE). Vai abaixo a notícia:

“Sem alarde, o presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), mandou desarquivar em abril deste ano uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que permite a reeleição sem limites para cargos majoritários, abrindo caminho para a aprovação de um terceiro mandato para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O pedido partiu do deputado Fernando Ferro (PT-PE). Ele solicitou, em fevereiro, o desarquivamento de propostas sobre a reeleição e acabou colocando novamente em discussão a emenda que permitiria a perpetuação no poder, já que todas estavam apensadas.
O movimento dos petistas foi feito de forma silenciosa e pode acelerar a discussão levantada pelos deputados Devanir Ribeiro (PT-SP) e Carlos Willian (PTC-MG), que defendem a possibilidade de terceiro mandato para Lula, uma vez que a emenda já foi aprovada pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara em junho de 2000.
Composta por parlamentares com formação em Direito e dirigentes partidários, a comissão é considerada trincheira na Casa e dificilmente o governo conseguiria aprovar novamente o texto hoje. O relator na comissão, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), considerou, na época, a proposta constitucional. O texto foi aprovado em votação simbólica; apenas o então deputado Bispo Rodrigues (RJ) foi contra.
O próximo passo é a discussão em comissão especial, que depende do presidente da Câmara para ser instalada, e que discutiria todas as emendas sobre o tema reeleição.Infinitas: De autoria do ex-deputado Inaldo Leitão (PR-PB), a proposição permite ao presidente da República, prefeitos e governadores concorrerem a infinitas reeleições, desde que se licenciem do cargo seis meses antes da disputa. Na emenda, o deputado copiou o texto da Constituição que define ser permitida a ‘reeleição’, mas suprimiu a previsão de que a renovação do mandato só é possível na eleição ‘subseqüente’.

Desta forma, ele entende que abriu a possibilidade para mandatos sucessivos.Como o autor não foi reeleito, a PEC foi arquivada no início desta legislatura, mas voltou a tramitar em fevereiro com a iniciativa de Ferro. Os deputados Rita Camata e Valdemar Costa Neto (PR-SP) também solicitaram o desarquivamento da emenda, mas Chinaglia desconsiderou, pois já havia atendido ao petista.
Assim como o deputado Devanir Ribeiro, Ferro também é próximo do presidente Lula. Devanir já disse que irá apresentar uma emenda constitucional no próximo mês sugerindo um referendo para que a população decida sobre o terceiro mandato, que seria realizado juntamente com as eleições municipais.
A Folha apurou que a idéia é andar com as duas propostas paralelamente. Garantido o apoio popular, a PEC já estaria bem encaminhada e com a vantagem de não ter sido apresentada por um petista.”
Fonte Folha de São Paulo.