segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Ética...


Do Blog do Noblat.
Jamais Lula foi tão franco e direto a respeito do assunto quanto na última quinta-feira em São Luís do Maranhão, reduto político de quem já foi chamado por ele de ladrão:
- Não se trata de ter amigos ou não ter amigos. Não se trata de ter afinidade ideológica ou não ter afinidade ideológica. Se trata do pragmatismo da governança.
Perfeito!
Lula poderia ter admitido que existe limite para tudo. Paulo Maluf estabeleceu o dele em casos onde aflorem os instintos mais primitivos: “Estupra, mas não mata”.
Vai ver que não existe limites para Lula. Vai ver que seu índice de popularidade, que poderia ajudá-lo a ser menos dependente do fisiologismo, serve antes de tudo para justificar transgressões.
Em 2006, durante comício em Belém, Lula agradeceu o apoio de Jader Barbalho (PMDB) beijando sua mão.
As mãos de Jader – logo aquelas mãos! – haviam sido algemadas anos antes sob a suspeita de ter manuseado dinheiro público desviado irregularmente.
Tem voto? Vem para meu jardim você também, vem...
Jader é hoje mais uma flor exuberante no quintal do jardineiro feliz onde estão reunidos Fernando Collor, José Sarney, Romero Jucá, Romeu Tuma, Sandro Mabel, Severino Cavalcanti, e por aí vai.
Sem esquecer os mensaleiros. E a maior fatia do PMDB. Se colhidos formariam um belo ramalhete a ser depositado no altar da governança.
Esse não foi o Lula eleito presidente da República em 2002 pela maioria dos brasileiros.
O Lula escolhido batia duro na corrupção e prometia manter segura distância de corruptos.
Mas é fato que sempre existiu o Lula para quem vale tudo quando o poder está em jogo. Apenas havia sido disfarçado por artes da propaganda e do marketing.
A poucos meses de ser eleito presidente pela primeira vez, por exemplo, Lula testemunhou em um apartamento de Brasília a compra do apoio do PL à sua candidatura. Custou pouco mais de R$ 6 milhões. Foi fechada por José Dirceu, Delúbio Soares e o deputado Valdemar Costa Neto, presidente do partido.
Apontado mais tarde pela CPI dos Correios como um baita mensaleiro, Valdemar renunciou ao mandato para escapar de ser cassado.
Dirceu foi demitido da a chefia da Casa Civil – afinal, como Lula não sabia do mensalão, alguém tinha que saber. Cassaram-lhe o mandato de deputado. Delúbio está de volta como aspirante a deputado.
Com o escândalo do mensalão Lula extraiu uma lição perversa e errada: para conservar o poder deveria ceder a todas as exigências dele.
No primeiro mandato, por birra ou erro de cálculo, resistira a sentar no colo do PMDB – ou a pô-lo no colo. No segundo escancarou as porteiras para o PMDB e mais 13 partidos. Sem essa de perder o poder, ora.
Perdera Dirceu, que poderia sucedê-lo. E Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda, pobre vítima do então presidente da Caixa Econômica Federal que, à sua revelia, quebrou o sigilo bancário de Francenildo da Costa, o caseiro que disse ter visto Palocci dezenas de vezes em uma mansão alegre de Brasília.
Não foi esse o entendimento do Supremo Tribunal Federal? Não se trata, por todos os méritos, da mais alta corte de homens sábios, justos e coerentes do país? E então?
Puna-se o ex-presidente da Caixa porque Palocci já foi injustamente punido no rastro do escândalo turbinado pela mídia golpista.
Uma vez mandado às favas todos os escrúpulos, Lula olhou para Dilma Rousseff e disse para seus botões: eis alguém que poderá me suceder para depois ser sucedido por mim. Nem Dilma se julgava tão capaz.
E Lula deve ter pensado: como filho do Brasil e um de muitos de Deus, estou certo. Se não estivesse, Ele me enviaria algum sinal.
E Lula viu a oposição.
Retificando: Lula não viu porque ela não existe. Viu uma gente medrosa, desarticulada, sem discurso e ao que parece conformada com o desastre que se avizinha.
E Lula finalmente concluiu: Vai dar! Anote aí: Lula vencerá em 2010. Salvo se Dilma perder.
Charada? Não.

Em 2002, Ciro Gomes perdeu para ele mesmo tantos foram os erros que cometeu. Dilma não está livre disso.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

César Benjamin


Vocês sabem quem é César Benjamin?

Então começo por sua biografia sintetizada hoje na Folha de S. Paulo:CÉSAR BENJAMIN, 55, militou no movimento estudantil secundarista em 1968 e passou para a clandestinidade depois da decretação do Ato Institucional nº 5, em 13 de dezembro desse ano, juntando-se à resistência armada ao regime militar. Foi preso em meados de 1971, com 17 anos, e expulso do país no final de 1976. Retornou em 1978. Ajudou a fundar o PT, do qual se desfiliou em 1995. Em 2006 foi candidato a vice-presidente na chapa liderada pela senadora Heloísa Helena, do PSOL, do qual também se desfiliou. Trabalhou na Fundação Getulio Vargas, na Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, na Prefeitura do Rio de Janeiro e na Editora Nova Fronteira. É editor da Editora Contraponto e colunista da Folha.

Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

O Ovo da Serpente

O 0v0 da Serpente

A Folha publica hoje alguns textos sobre o filme hagiográfico “Lula, O Filho do Brasil”. Benjamin escreve um longo depoimento — íntegra aqui — em que narra todos os horrores que sofreu na cadeia, preso que foi aos 17 anos. Entre outras coisas, e sabemos que isto é tragicamente comum nas cadeias brasileiras até hoje, foi entregue para “ser usado” pelos presos comuns, o que, escreve ele, não aconteceu. E faz um texto que chega a ser comovido sobre o respeito que lhe dispensaram na cadeia.
Depois de narrar suas agruras, interrompe o fluxo da memória daquele passado mais distante para se fixar num mais recente, 1994, quando integrava a equipe que cuidava da campanha eleitoral de Lula na TV — no grupo, estava um marqueteiro americano importado por alguns petistas. E, agora, segue o texto estarrecedor de Benjamin sobre uma reunião.
(…)Na mesa, estávamos eu, o americano ao meu lado, Lula e o publicitário Paulo de Tarso em frente e, nas cabeceiras, Espinoza (segurança de Lula) e outro publicitário brasileiro que trabalhava conosco, cujo nome também esqueci. Lula puxou conversa: “Você esteve preso, não é Cesinha?” “Estive.” “Quanto tempo?” “Alguns anos…”, desconversei (raramente falo nesse assunto). Lula continuou: “Eu não aguentaria. Não vivo sem boceta”.
Para comprovar essa afirmação, passou a narrar com fluência como havia tentado subjugar outro preso nos 30 dias em que ficara detido. Chamava-o de “menino do MEP”, em referência a uma organização de esquerda que já deixou de existir. Ficara surpreso com a resistência do “menino”, que frustrara a investida com cotoveladas e socos.
Foi um dos momentos mais kafkianos que vivi. Enquanto ouvia a narrativa do nosso candidato, eu relembrava as vezes em que poderia ter sido, digamos assim, o “menino do MEP” nas mãos de criminosos comuns considerados perigosos, condenados a penas longas, que, não obstante essas condições, sempre me respeitaram.
O marqueteiro americano me cutucava, impaciente, para que eu traduzisse o que Lula falava, dada a importância do primeiro encontro. Eu não sabia o que fazer. Não podia lhe dizer o que estava ouvindo. Depois do almoço, desconversei: Lula só havia dito generalidades sem importância. O americano achou que eu estava boicotando o seu trabalho. Ficou bravo e, felizmente, desapareceu.
Num outro ponto se seu longo texto, Benjamin comenta o filme sobre a vida de Lula e lembra aqueles que não o molestaram na cadeia:
(…)A todos, autênticos filhos do Brasil, tão castigados, presto homenagem, estejam onde estiverem, mortos ou vivos, pela maneira como trataram um jovem branco de classe média, na casa dos 20 anos, que lhes esteve ao alcance das mãos. Eu nunca soube quem é o “menino do MEP”. Suponho que esteja vivo, pois a organização era formada por gente com o meu perfil. Nossa sobrevida, em geral, é bem maior do que a dos pobres e pretos.
O homem que me disse que o atacou é hoje presidente da República. É conciliador e, dizem, faz um bom governo. Ganhou projeção internacional. Afastei-me dele depois daquela conversa na produtora de televisão, mas desejo-lhe sorte, pelo bem do nosso país. Espero que tenha melhorado com o passar dos anos.
Mesmo assim, não pretendo assistir a “O Filho do Brasil”, que exala o mau cheiro das mistificações. Li nos jornais que o filme mostra cenas dos 30 dias em que Lula esteve detido e lembrei das passagens que registrei neste texto, que está além da política. Não pretende acusar, rotular ou julgar, mas refletir sobre a complexidade da condição humana, justamente o que um filme assim, a serviço do culto à personalidade, tenta esconder.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

O Filho do Dono






No instante em que vai às telas ‘Lula, o Filho do Brasil’, chega às páginas um enredo enviesado. Filmado, poderia chamar-se ‘Lulinha, o filho do filho do Brasil’.

No longa-metragem oficial, mostra-se a saga do menino que saltou da miséria nordestina para o triunfo brasileiro.

No curta-metragem não rodado, uma passagem da rotina do menino que emergiu do parentesco ilustre para a fortuna pessoal.

Deve-se à repórter Kátia Brasil a iluminação do
enredo paralelo. Ela conta algo que se passou em 9 de outubro.

Envolve o itinerário de um jato da FAB, um Boeing 737. A aeronave estava a dez minutos de aterissar em Brasília.

Trazia militares a serviço da Aeronáutica. Vinham da cidade paulista de Gavião Peixoto. Súbito, o comandante recebeu uma ordem.

Deveria retornar a São Paulo. Recolheria, a pedido da Presidência da República, um lote de passageiros. Entre eles o presidente do BC, Henrique Meirelles.

O Boeing deu meia-volta. Desceu no aeroporto de Guarulhos às 19h. Foi reabastecido. De repente, nova ordem.

Os novos passageiros embarcariam em Congonhas, não em Guarulhos. Às 20h30, outra decolagem.

O pouso em Congonhas teve de ser retardado. De tanques cheios, o comandante não poderia pousar em Congonhas.

Viu-se compelido a voar a esmo por uma hora. Desperdiçado o combustível, enquadrou-se nas exigências de Congonhas. Às 21h30, desceu.

Os passageiros fardados foram ao fundo da aeronave. As poltronas da frente foram liberadas para os novos passageiros.

Embarcaram, além de Henrique Meirelles, outras 16 pessoas –Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, e 15 acompanhantes dele.

Procurado, Henrique Meirelles mandou dizer, por meio da assessoria: de fato, requisitara o avião.

Mas só na hora do embarque soube que, "por solicitação da Presidência", Lulinha e mais 15 "aproveitariam o vôo da aeronave colocada à disposição do BC".

Ouvido, o Planalto informou: Lulinha e seus acompanhantes eram convidados de Lula.

"É normal o presidente da República convidar pessoas para se encontrar com ele em Brasília e oferecer transporte pelas aeronaves que servem à Presidência".

Lula tem algo como uma centena de parentes. No geral, os Silva permaneceram longe do Estado. Mantiveram o padrão de vida modesto.

Nesse grupo, Lulinha é exceção. O primeiro-filho é sócio da Gamecorp, uma empresa de vídeo brindada com um aporte milionário da Telemar, em 2005.

A operadora de telefonia (45% do capital pertencente ao BNDES e a fundos de pensão de estatais) borrifou R$ 5 milhões na caixa registradora da firma de Lulinha.

Empresário próspero, Lulinha, o filho do filho do Brasil, não precisaria bulir nas arcas da Viúva para voar de São Paulo para Brasília.

Ao embarcar no Boeing da veneranda e desprotegida senhora, naquela fatídica noite de 9 de outubro, o primeiro-filho prestou um serviço ao pai.

Lulinha mostrou ao Lulão os riscos da presidência imperial. O que diria Lula FHC mandasse asas oficiais buscarem um filho em São Paulo nas mesmas condições?

Talvez dissesse algo assim: "Num país em que brasileiros morrem na maca por falta de atendimento nos hospitais públicos...”

“...É inaceitável que o filho do príncipe e seus acompanhantes mobilizem um Boeing custeado com verbas dos patrícios em dia com os seus impostos”.

O que diabos foi fazer Lulinha em Brasília? A assessoria de Lulão diz que não fornece informações sobre familiares do filho do Brasil.

E quanto aos nomes dos acompanhantes? O Planalto e o BC não forneceram a lista. A FAB informou que não dispõe dos nomes.

De um presidente espera-se que dê exemplos de boa conduta aos súditos que lhe garantem os proventos, a geladeira cheia, o carro na garagem e o avião no hangar.

Nunca antes na história desse país um mandatário demonstrara tanto descaso com as vulgaridades que grassam ao seu redor. Pena.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009


Energia: governo só investiu 38% do orçado no ano
Julian Stratenshulte/Efe

Em 2009, o governo destinou ao Grupo Eletrobras, R$ 7,243 bilhões para cobrir investimentos no sistema de geração e transmissão de energia elétrica.

Entre janeiro e agosto, apenas R$ 2,73 bilhões –38% do total— foram efetivamente investidos.

Os dados são oficiais. Armazena-os um órgão público chamado DEST (Departamento de Coordenação das Empresas Estatais).

As informações foram trazidas à luz, nas pegadas do apagão da noite de terça-feira (9), pelo sítio
Contas Abertas, que se dedica a acompanhar os gastos públicos.

Não há dados disponíveis sobre a execução dos investimentos em energia depois do mês de agosto. Porém...

Porém, mantido o ritmo observado nos primeiros oito meses de 2009, a Eletrobras deve investir até o final do ano R$ 4,2 bilhões.

A cifra corresponde a pouco mais da metade –57% — de toda a verba que o governo reservara para os investimentos do ano.

Em valores absolutos, será o maior montante investido pela Eletrobras desde 2002. No último ano da gestão FHC, os investimentos somaram R$ 5,8 bilhões.

Mas, tomado como uma fatia do PIB, os R$ 4,2 bilhões de 2009 corresponderão a menos de 0,5% de todas as riquezas produzidas no Brasil.

Aliás, em proporção ao PIB, o grupo estatal que gere o setor energético investiu sob Lula, até o ano passado, menos do que fora investido no ocaso da era FHC.

Em 2000, um ano antes do apagão tucano, que resultaria em racionamento de energia, a Eletrobas investira R$ 2,1 bilhões (0,18% do PIB).

Em 2001, ano do apagão, os investimentos somaram R$ 2,5 bilhões (0,20% do PIB). Em 2002, R$ 3,3 bilhões (0,23% do PIB).

Desde a posse de Lula, em 2003, os investimentos da Eletrobras mantiveram-se em patamares inferiores, perdendo peso no cotejo com o PIB.

Em 2003, os investimentos da estatal alçaram a casa dos R$ 2,8 bilhões (0,27% do PIB). No ano passado, R$ 3,7 bilhões (0,13% do PIB). Aperte
aqui e veja a tabela.

Pela versão oficial, o apagão de terça foi ocasionado por chuvas, ventos e raios que caíram sobre as linhas de transmissão da subestação de Itaberá (SP).

Um trololó que, por ora, não soou convincente nem mesmo para o Inpe, o instituto de pesquisas espaciais vinculado à pasta da Ciência e Tecnologia.

Em
nota, o Inpe informou que, na hora do apagão, os raios de Itaberá tinham "baixo potencial" e caíram longe das linhas de transmissão.

O texto do instituto é taxativo: “A baixa intensidade da descarga registrada (menor que 20 kA) não seria capaz de produzir um desligamento da linha, mesmo que incidisse diretamente sobre ela [...]..."

"...Em geral, apenas descargas com intensidade superiores a 100 kA, atingindo diretamente uma linha, poderiam causar um desligamento de linhas de transmissão operando com tensões tão elevadas como as de Itaipu (duas de 600 kV e duas de 750 kV)”.

O desencontro de versões tonifica a suspeita de que pode ter havido falha humana ou defeito operacional no sistema. Algo que o Ministério Público já investiga.

De resto, o apagão reacendeu o debate sobre um antigo flagelo do setor elétrico. Nesse setor, o político prevalece sobre o técnico na escolha dos gestores.

Sob FHC, esse nicho do aparato estatal era dominado pelo PFL, hoje rebatizado de DEM.

O ministro de Minas e Energia do apagão de 2001 era José Jorge, um ex-senador ‘demo’, hoje acomodado numa cadeira do TCU.

Sob Lula, o setor é rateado entre PT e PMDB. O ministro é o senador licenciado Edison Lobão (PMDB-MA), homem de José Sarney.

O presidente da Eletrobras, José Antonio Muniz Lopes, foi alçado ao posto com o aval de Sarney e do deputado Jader Barbalho (PMDB-PA).

Responde pela diretoria financeira da estatal Astrogildo Quental, outro apadrinhado de Sarney.

Chama-se Flávio Decat de Moura o diretor de Distribuição. Apadrinhou-o o senador Renan Calheiros (PMDB-AL).

O diretor de Engenharia é Valter Luiz Cardeal de Souza. Um velho conhecido da ministra petê Dilma Rousseff, a quem deve a nomeação.

Até Orestes Quércia, presidente do PMDB-SP, beliscou uma naco do organograma da Eletrobras. Acomodou Miguel Colassuono na diretoria de Administração.

A política se espraia também pelas subsidiárias da Eletrobras. Preside a Eletronorte Jorge Nassar Palmeira, indicação de Jader.

Na Eletrosul, Eurides Mescolotto, ex-marido da senadora petê Ideli Salvati (SC), líder do governo no Congresso.

No comando de Furnas, Carlos Nadalutti Filho. Foi à cadeira com o endosso das bancadas de deputados federais do PMDB de Minas e do Rio.

Na presidência de Itaipu Binacional, a empresa que eletrifica as linhas de transmissão de Furnas, um ex-deputado: Jorge Samek, amigo de Lula.

Diferentemente dos raios de Itaberá, ainda pendentes de confirmação, as intempéries políticas que infelicitam o setor elétrico brasileiro dispensam, por notórias, maiores verificações.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Um País de Tolos


Deu em O Estado de S. Paulo

O 'autoritarismo popular' de Lula (Editorial)

O venezuelano Hugo Chávez é um tipo rudimentar. O brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva não é. Chávez, que impôs ao seu país a reeleição ilimitada, diz não entender por que um presidente "que governa bem e tem 80% de aprovação" não pode disputar um terceiro mandato consecutivo, como se as regras da ordem democrática devessem variar conforme o desempenho dos governantes e os seus índices de popularidade.Lula, que, em parte por convicção, em parte por um cálculo do custo-benefício da aventura reeleitoral, recusou a possibilidade, acredita que pode chegar aonde quer por outros meios, mais sofisticados do que é capaz de conceber a mentalidade tosca do coronel de Caracas.Trata-se da criação de um novo e presumivelmente duradouro bloco de controle da máquina estatal, da manipulação desabrida de um sistema político desvitalizado e da exploração incessante do culto à personalidade do líder, para que a adulação da massa legitime os seus desmandos e intimide a oposição.É a construção do que o ex-presidente Fernando Henrique denomina "autoritarismo popular" - um acúmulo de transgressões e desvios que "vai minando o espírito da democracia constitucional", como adverte no artigo Para onde vamos?, publicado domingo neste jornal.Esse processo de erosão das instituições e procedimentos é tão mais temível quanto menos ostensivo e menos expresso em atos de violência política crassa, à maneira do que Chávez faz na Venezuela para quebrar a espinha da democracia no seu país. A lógica dos objetivos não difere - "a do poder sem limites", aponta Fernando Henrique -, mas o método, no Brasil do lulismo, é insidioso.Por isso mesmo, "pode levar o País, devagarzinho, quase sem que se perceba, a moldar-se a um estilo de política e a uma forma de relacionamento entre Estado, economia e sociedade que pouco têm que ver com nossos ideais democráticos".No interior do governo, Lula aninha uma burocracia sindical que se apropria sistematicamente do mando dos gigantescos fundos de pensão das estatais, os quais, por sua vez, têm assento nos conselhos das mais poderosas empresas brasileiras.Forma-se assim uma intrincada trama de interesses que se respaldam reciprocamente, não raro em parceria com empresários que conhecem o caminho das pedras - "nossos vorazes, mas ingênuos capitalistas", diz Fernando Henrique -, fundindo-se "nos altos-fornos do Tesouro".Isso dá ao presidente um poder formidável sobre o Estado nacional que extrapola de longe as suas atribuições constitucionais. É uma espécie de volta, em trajes civis, ao regime dos generais. No trato com o Congresso, Lula faz os pactos que lhe convierem com tantos Judas quantos estiverem dispostos a servi-lo para se servirem dos despojos da administração federal, enquanto a oposição balbucia objeções que dão a medida de sua irrelevância."Parece mais confortável", acusa o ex-presidente, "fazer de conta que tudo vai bem e esquecer as transgressões cotidianas, o discricionarismo das decisões, o atropelo, se não da lei, dos bons costumes." Mais confortável porque mais seguro. São raros os políticos oposicionistas que não se deixam acoelhar pelas pesquisas de opinião que mantêm Lula nas nuvens e que o aparato de comunicação do Planalto, sob a sua batuta, não cessa de exacerbar - daí a pertinência do termo "culto à personalidade".Desde a derrota de 2006, o PSDB de Fernando Henrique praticamente desistiu de expor as responsabilidades pessoais do adversário vitorioso pela autocracia em marcha no País. Os pré-candidatos tucanos José Serra e Aécio Neves, por exemplo, medem as palavras quando falam de Lula, decerto receando que ele possa fazê-las se voltarem contra eles mesmos junto ao eleitorado que o venera. Mesmo na condenação à campanha antecipada da ministra Dilma Rousseff, a oposição parece comportar-se como se estivesse "cumprindo tabela".Lula não precisa tomar emprestada a borduna de Hugo Chávez para ditar os modos e os caminhos da evolução da política nacional. "Partidos fracos, sindicatos fortes, fundos de pensão convergindo com os interesses de um partido no governo e para eles atraindo sócios privados privilegiados", descreve Fernando Henrique, "eis o bloco sobre o qual o subperonismo lulista se sustentará no futuro, se ganhar as eleições."

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Acorda Brasil!!!



Deu bom-dia ao cavalo e caiu dele
Do blog do Alon:

Lula é o nadador que não pode parar de nadar, o ciclista que não pode parar de pedalar, o equilibrista que se desloca de uma vareta a outra para não deixar o prato cair. Ele não pode parar de falar
Diz o ditado que quem fala demais acaba dando bom-dia a cavalo. Mas como saber se a pessoa fala demais? É subjetivo. Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo, fala dia sim outro também, às vezes mais de uma vez por dia. Trata-se de uma estratégia.


Lula explora ao máximo sua aptidão para comunicar. Ronald Reagan fez assim nos oito anos na Casa Branca. Reelegeu-se e elegeu o sucessor. Foi o único presidente americano a conseguir a façanha no pós-guerra.
Lula fala muito também porque o governo é ele. O presidente é o principal ativo da administração. O governo é bem avaliado, e Lula é o mais prestigiado líder político-popular da História do Brasil. Mas em nenhuma área os resultados são excepcionais.

Dois itens sempre centrais nas preocupações da população patinam: saúde e segurança. Depois da Copa e da Olimpíada, concorremos agora ao topo do ranking mundial nas mortes pela gripe suína (A H1N1). Já a violência urbana dispensa comentários. Os fatos recentes falam por si. E a economia? Ela ia razoavelmente bem até o tsunami mundial das finanças e espera-se que vá bem em 2010. “Bem” pelo padrão brasileiro, pois habituamo-nos a pouco. E Lula perdeu na crise uma chance única de atacar o maior problema econômico nativo: o crédito.Mesmo num cenário de risco inflacionário zero.

Depois de sete anos, continuamos na pole position do spread, e o capital financeiro reina soberano, recolhendo a parte do leão da renda nacional.
A supervalorização do real tampouco foi atacada quando se devia (e se podia, sem ameça nenhuma de inflação). Como resultado, assistimos à perda de rentabilidade nas exportações. O governo tateia aqui e ali, mas os resultados são duvidosos.

Para o campo, Lula no Planalto não significou qualquer mudança no perfil da concentração da propriedade rural. Na cidade, não se ouve falar nem remotamente em reforma urbana. Tem o Minha Casa, Minha Vida, é verdade, mas ainda é uma operação de longo curso — e não se tem certeza de que vai romper com o padrão histórico de jogar os pobres cada vez mais para a periferia dos grandes centros.
Na educação, alguém sabe se, depois de sete anos, as nossas crianças estão pelo menos saindo da escola pública sabendo ler e escrever? Ou a fazer contas? Você apostaria nisso?

Então, de onde Lula tira seu imenso capital? Da férrea vontade política de olhar para os pobres. Da capacidade de erguer a autoestima nacional. E da promessa de um futuro radioso, se, é claro, o país mantiver o rumo, concordar em deixar o manche nas mãos do grupo político do presidente da República.
É pouco? Não, é muito.

Outros tentaram acumular esse patrimônio e não conseguiram. Mas o cenário carrega um inconveniente. Lula precisa estar sempre no palco, atraindo a atenção, falando como o país encontrou, finalmente, o caminho que o transformará numa potência, como achou a estrada para acabar com a pobreza e a desigualdade, etc.

Lula é o nadador que não pode parar de nadar, o ciclista que não pode parar de pedalar, o equilibrista que corre de uma vareta a outra para não deixar o prato cair. Ele não pode se dar ao luxo de parar de falar. Daí que corra o risco permanente de dar bom-dia a cavalo.

Um exemplo foi a frase confusa sobre Jesus Cristo e Judas. Eu entendo que o presidente disse o seguinte: no Brasil, não tem como o governante deixar de fazer aliança com adversários, para garantir apoio político. Mas Lula preferiu fazer uma graça. Deu um drible a mais. E caiu do cavalo.
Outro exemplo é o debate sobre as instituições que, segundo o presidente, atravancam os investimentos públicos e o desenvolvimento nacional. Lula diz que ele é superior aos antecessores porque, ao contrário deles, dá prioridade ao investimento público. Mas diz que não consegue investir o tanto que desejaria por causa dos órgãos de fiscalização.

Ora, nenhum desses órgãos ou as regras que seguem foram criados no atual governo. Então, se eles atrapalham Lula, atrapalharam também quem veio antes de Lula. Então, talvez as dificuldades dos antecessores para investir não tenham decorrido de “falta de vontade política”, mas de condições objetivas que também afetam Lula.

E daí? Daí que quem fala demais acaba mesmo dando bom-dia a cavalo.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Ele Não Sabe Oque Diz??


Deu na Folha de S. Paulo
Da metamorfose à rendição
De Clóvis Rossi:

Que Luiz Inácio Lula da Silva foi, a partir de sua vitória de 2002, uma "metamorfose ambulante", nem precisava que ele próprio o dissesse. Os fatos falavam alto e claro.
O triste, como revela a entrevista que ele concedeu a Kennedy Alencar desta Folha, é que Lula passou da metamorfose à rendição a uma realidade política horrorosa.
Disse Lula: "Qualquer um que ganhar as eleições, pode ser o maior xiita deste país ou o maior direitista, ele não conseguirá montar o governo fora da realidade política.
Entre o que se quer e o que se pode fazer tem uma diferença do tamanho do oceano Atlântico. Quem ganhar a Presidência amanhã, terá de fazer quase a mesma composição, porque este é o espectro político brasileiro".
O presidente ainda acrescentou: "Se Jesus Cristo viesse para cá, e Judas tivesse a votação num partido qualquer, Jesus teria de chamar Judas para fazer coalizão".
Se Frei Betto, o confessor ou ex-confessor de Lula, tivesse ensinado seu amigo direitinho, o presidente aprenderia que Cristo foi crucificado justamente porque não fez coalizão com os judas da vida.
Que Lula tivesse obsessão com a governabilidade até dá para entender. Que desista de ao menos tentar reformar a "realidade política" é um irremediável desastre.
Só para qualificar o que é essa realidade: a Fundação Konrad Adenauer, ligada à democracia-cristã alemã, divulgou há dez dias o índice de desenvolvimento político da América Latina.
O Brasil consegue a proeza de ficar só no 8º lugar entre os 18 países listados. E estamos falando de América Latina, que é essa mixórdia arquiconhecida.
Tudo somado, dá para entender por que o presidente prefere que a imprensa não fiscalize o poder, apenas informe. Lula e seu partido trocaram a fiscalização do tempo de oposição pelo gozo do poder uma vez nele instalados
.

Comentário

Perdoai-o, Pai, ele não sabe o que diz!

É espantosa a ignorância de Lula quanto à função da imprensa.

"Não acho que o papel da imprensa é fiscalizar. O papel é informar", disse ele a Kennedy Alencar em entrevista publicada, hoje, na Folha de S. Paulo. E acrescentou:
- Para ser fiscal, tem o Tribunal de Contas da União, a Corregedoria-Geral da República, tem um monte de coisas. A imprensa tem de ser o grande órgão informador da opinião pública. Essa informação pode ser de elogios ao governo, de denúncias sobre o governo, de outros assuntos. A única que peço a Deus é que a imprensa informe da maneira mais isenta possível, e as posições políticas sejam colocadas nos editoriais.
Como a imprensa pode ser "o grande orgão informador da opinião pública" se ela não examinar com atenção e rigor o comportamento e as decisões do governo? E como proceder assim sem que isso signifique "fiscalizar"?
Perdoai-o, Senhor, ele não sabe o que diz!
Uma vez, Lula admitiu que não gosta de notícia. Gosta de publicidade.
Quis dizer: gosta de elogios, de críticas, não.
Publicidade tem mais a ver com elogios. Jornalismo com críticas.
Sem ignorar a publicidade que denigre, comum em campanhas eleitorais. E o jornalismo sabujo e de aluguel, comum em qualquer época.
A entrevista de Lula à Folha será lembrada pela citação infeliz que ele fez de Jesus e Judas.
- Quem vier para cá não montará governo fora da realidade política. Se Jesus Cristo viesse para cá, e Judas tivesse a votação num partido qualquer, Jesus teria de chamar Judas para fazer coalizão.
Jesus morreu porque não abriu mão do que pensava. Não se coligou com as autoridades romanas nem com os sacerdotes judeus. Quanto a esses, expulsou-os do templo.
Sabia que seria traído por Judas. Não mexeu um dedinho para evitar que fosse.
Vai ver que Lula perdeu essa aula. Perdeu muitas outras.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Abençoada??


‘Curada’ do câncer, Dilma ora com o casal Hernandez

Dilma é abençoada por líder da Renascer

TÂNIA MONTEIRO - Agencia Estado

BRASÍLIA - Em um movimento de aproximação com o eleitorado evangélico, a ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, recebeu hoje líderes de várias igrejas, que participaram da cerimônia de sanção da lei que cria o dia nacional da marcha evangélica.

Entre os presentes, o casal Estevam e Sônia Hernandes, da Igreja Renascer em Cristo, que retornou ao Brasil há um mês dos Estados Unidos após cumprir pena por não declarar US$ 56 mil ao entrar naquele país.

Antes do início da cerimônia, Estevam Hernandes fez questão de puxar uma oração pela saúde da ministra Dilma, que hoje deu entrevista dizendo que está curada do câncer linfático.

Dilma é a candidata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência em 2010.

É Possível??

domingo, 23 de agosto de 2009


O desafio de Mercadante
De Gerson Camarotti e Adriana Vasconcelos:

O recuo de última hora para permanecer no cargo e a posição errática do líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), durante a crise do Senado só ampliaram suas dificuldades para conduzir o partido daqui para a frente. Os problemas não são pequenos: racha na bancada, estremecimento do diálogo com o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), forte rejeição do PMDB, além das divergências com o Planalto e com o PT.
Os aliados questionam sua capacidade para retomar a autoridade de líder. Mercadante, em seu discurso, reiterou suas diferenças com a direção do PT e com o governo. E admitiu que cometeu erros que poderão inviabilizar sua interlocução com Sarney e com líder do PMDB, Renan Calheiros (AL).
- Eu perdi uma certa condição de interlocução política nesta Casa, por exemplo com o presidente Sarney. É evidente! É muito mais difícil ser líder nessas condições, depois de uma crise como essa - discursou.
Os poucos senadores que o ouviram no plenário consideraram um erro a permanência no cargo. Para Cristovam Buarque (PDT-DF), a sensação que ficou do discurso de Mercadante é de houve um "chamado de Deus", no caso, o presidente Lula.

Ah! Se fosse verdade!!




Deu na Veja

Carlos Augusto Montenegro é um dos mais experientes analistas do cenário político nacional. Presidente do Ibope, empresa que virou sinônimo de pesquisa de opinião pública no Brasil, ele acompanhou com lupa todas as eleições realizadas no país desde a volta à democracia, em 1985.

Agora, faltando pouco mais de um ano para a sucessão presidencial, Montenegro faz uma análise que o consagrará se acertar. Se errar? Bem, dará às pessoas o direito de igualarem seu ofício às brumas da especulação.

Em entrevista ao editor Alexandre Oltramari, Montenegro aposta que o governo, apesar da imensa popularidade do presidente Lula, não conseguirá fazer o sucessor – no caso, a ministra Dilma Rousseff. Também afirma que o PT está em processo de decomposição.

O que os acontecimentos da semana passada revelaram sobre o PT?

Que o partido deu um passo a mais na direção de seu fim. O PT passou vinte anos dizendo que era sério, que era ético, que trabalhava pelo Brasil de uma maneira diferente dos outros partidos. O mensalão minou todo o apelo que o PT havia acumulado em sua história. Ali acabou o diferencial. Ali acabou o charme. Todas as suas lideranças foram destruí-das. Estrelas como José Dirceu, Luiz Gushiken e Antonio Palocci se apagaram. Eu não diria que o partido está extinto, mas está caminhando para isso.

Mas por trás do apoio ao PMDB e ao senador Sarney não está exatamente um projeto de poder do PT?

É um projeto de poder do presidente Lula.
O desempenho eleitoral do PT depois do mensalão foi um vexame. Em 2006, com exceção da Bahia, o partido só venceu em estados inexpressivos. Nas eleições municipais de 2008, entre as 100 maiores cidades, perdeu em quase todas. Lula sempre foi contra a reeleição e só resolveu disputá-la para tentar salvar o PT. Sua reeleição foi um plebiscito para decidir se deveria continuar governando mais quatro anos ou não. Mas tudo indica que agora ele não fará o sucessor justamente por causa da mesmice na qual o PT mergulhou.

Ao contrário do que muita gente acredita, o senhor aposta que Lula, mesmo com toda a popularidade, não conseguirá eleger o sucessor.

Uma coisa é ele participar diretamente de uma eleição. Outra, bem diferente, é tentar transferir popularidade a alguém. Sem o surgimento de novas lideranças no PT e com a derrocada de seus principais quadros, o presidente se empenhou em criar um candidato, que é a Dilma Rousseff. Mas isso ocorreu de maneira muito artificial. Ela nunca disputou uma eleição, não tem carisma, jogo de cintura nem simpatia. Aliás, carisma não se ensina. É intransferível. "Mãe do PAC", convenhamos, não é sequer uma boa sacada. As pessoas não entendem o que isso significa. Era melhor ter chamado a Dilma de "filha do Lula".

Porém já existem pesquisas que colocam Dilma Rousseff na casa dos 20% das intenções de voto.

A Dilma, em qualquer situação, teria 1% dos votos. Com o apoio de Lula, seu índice sobe para esse patamar já demonstrado pelas pesquisas, entre 15% e 20%. Esse talvez seja o teto dela. A transferência de votos ocorre apenas no eleitorado mais humilde. Mas isso não vai decidir a eleição. Foi-se o tempo em que um líder muito popular elegia um poste. Isso acontecia quando não havia reeleição. Os eleitores achavam que quatro anos era pouco e queriam mais. Aí votavam em quem o governante bem avaliado indicava, esperando mais quatro anos de sucesso.

Diante do quadro político que se desenha, quais são então as possibilidades dos candidatos anunciados até o momento?

Faltando um ano para as eleições, o governador de São Paulo, José Serra, lidera as pesquisas. Ele tem cerca de 40% das intenções de voto. Em 1998, também faltando um ano para a eleição, o líder de então, Fernando Henrique Cardoso, ganhou. Em 2002, também um ano antes, Lula liderava – e venceu. O mesmo aconteceu em 2006. Isso, claro, não é uma regra, mas certamente uma tendência. Um candidato que foi deputado constituinte, senador, ministro duas vezes, prefeito da maior cidade do país e governador do maior colégio eleitoral é naturalmente favorito.
Ele pode cair? Pode. Mas pode subir também.

A entrada em cena de Marina Silva, que deixou o PT para disputar a eleição presidencial pelo PV, altera o quadro sucessório?

A Marina é a pessoa cuja história pessoal mais se assemelha à do Lula. É humilde, foi agricultora, trabalhou como empregada doméstica, tem carisma, história política e já enfrentou as urnas. Além disso, já estava preocupada com o meio ambiente muito antes de o tema entrar na agenda política. Ela dificilmente ganha a eleição, mas tem força para mudar o cenário político. Ser mulher, carismática e petista histórica é sem dúvida mais um golpe na candidatura de Dilma.

Na hora de votar, o eleitor leva em consideração o perfil ético do candidato?

Uma pesquisa do Ibope constatou que 70% dos entrevistados admitem já ter cometido algum tipo de prática antiética e 75 % deles afirmaram que cometeriam algum tipo de corrupção política caso tivessem oportunidade. Isso, obviamente, acaba criando um certo grau de tolerância com o que se faz de errado. Talvez esteja aí uma explicação para o fato de alguns políticos do PT e outros personagens muito conhecidos ainda não terem sido definitivamente sepultados.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Duas Caras


Deu na Folha de S. Paulo

Mentira tem perna curta

De Eliane Cantanhêde:

A Casa Civil da Presidência é um local fantástico, onde tudo acontece, mas nada acontece. Fiquemos no governo Lula, com José Dirceu e Dilma Rousseff.
O braço direito de Dirceu, Waldomiro Diniz, saiu da oposição para a situação e da condição de acusador para a de acusado ao pedir propina para banqueiro de bicho. Mas o chefe Dirceu não sabia de nada.
Quando estourou o mensalão, ele também disse que não sabia de nada. Até vir a público sua agenda no Planalto, mostrando reuniões curiosas de presidentes de empresas e de bancos com presidente e tesoureiro de partido político.
Agora, esse disse-que-disse entre Dilma e Lina Vieira, ex-chefe da Receita, sobre um encontro sigiloso das duas e um suposto pedido para a Receita "agilizar" (seria enterrar?) processos contra o filho de Sarney. Lina insiste que houve o encontro, e a sua então chefe de gabinete corrobora a versão. Mas Dilma diz que não sabe nada disso.
É a palavra de uma contra outra, mas circunstâncias e precedentes favorecem a versão de Lina Vieira.
Primeiro, porque ela diz que não aceitou a ordem, sugestão, ou seja lá o que for -o que, pelo menos, dá sentido à sua súbita demissão.
Segundo, porque Dilma já passou por isso. O primeiro presidente da Anac, Milton Zuanazzi, vivia no Planalto e não dava um passo sem consultar a ministra. O compadre de Lula, metido com aviação, também visitava bastante a Casa Civil.
Mas Dilma jurou que não tinha nada a ver com a salvação da "insalvável" Varig e não sabia de nada. E, quando Erenice Guerra (de alguma forma a sua Waldomiro) se enroscou com o dossiê, ou "banco de dados", contra FHC e sua mulher, Dilma também não sabia.
Diante de tantas crises de memória, só há uma solução: aos fatos! À agenda e às fitas do entra-e-sai do Planalto. Alguém está mentindo. E mentira, como a agenda de Dirceu confirmou, tem perna curta.
Ah! Quem deu a agenda de Dirceu para a CPI foi sua sucessora, Dilma.
Enviado por Ricardo Noblat

Comentário

Piada!
A oposição propõe uma acareação entre Dilma Roousseff, chefe da Casa Civil, e Lina Vieira, ex-secretária da Receita Federal.
Lina disse que se reuniu com Dilma e ouviu dela um pedido para apressar as investigações em torno dos negócios suspeitos de Fernando, filho do senador José Sarney (PMDB-AP).
Dilma nega o encontro e o pedido.
Nunca que o governo permitirá a acareação. E a oposição não tem votos suficientes para forçá-la.
Se puder, o governo dará um jeito para que Lina não deponha na Comissão da Constituição e Justiça do Senado.
Coitada da Lina. Sempre foi petista. Deve estar sofrendo uma brutal pressão para não ir depor.
Não me espantaria que não fosse.

domingo, 9 de agosto de 2009

Lula = Sarney



Cada político tem da Polícia Federal a inquisição que merece. No caso de Sarney, o Santo Ofício policial parece hesitar em recorrer à fogueira.

Na última quarta (5), em seu discurso de autodefesa, Sarney tentou tomar distância de Zuleido Veras, o dono da Gautama.

O senador disse que não se avistou com o personagem mais do que um par de vezes. Se tanto.

Outrora um empreiteiro festejado, Zuleido caiu em desgraça no ano da graça de 2007. Seu prestígio foi lanhado pela Operação Navalha, da PF.

O caso produziu algumas consequências.

Entre elas a demissão do ministro Silas Rondeau, um amigo que Sarney acomodara na pasta de Minas e Energia.

O inquérito prossegue, contudo. Já lá se vão dois anos. O governo Lula já dobra a última curva, entra na reta final. E nada das conclusões.

Quem folheia os autos fica impressionado com o cheiro de PMDB que exala das folhas.

Zuleido fez fortuna tocando obras públicas. Entre elas o aeroporto de Macapá, a capital do Amapá, Estado que o ex-maranhense Sarney adotou como seu.

O empreendimento foi licitado pela Infraero em 2004. Deu-se depois de um pedido de Sarney a Lula.

As planilhas de custos estão apinhadas de suspeitas. A começar por um suposto superfaturamento que roça a casa dos R$ 50 milhões.

Vasculha daqui, escarafuncha dali, a PF logrou reunir um feixe de indícios que impressiona.

São diálogos telefônicos, contratos, depósitos bancários e até uma planilha de rateio de verbas com aparência de lista de propinas.

Um dos papéis recolhidas pela PF contém lista contribuições de campanha eleitoral feitas pela Gautama de Zuleido no Amapá de Sarney. Coisa de R$ 500 mil.

O documento sugere que o rateio foi feito seguindo as orientações de um personagem identificado por um par de letras: “PR”.

Para a PF, são as iniciais de presidente. Em seus relatórios, a polícia dá nome ao boi: José Sarney.

Personagem identificado como José Ricardo, um lobista da Gautama, chegava a despachar no gabinete de Sarney, informam os escritos da PF.

Chama-se Ernane Sarney a pessoa encarregada de realizar a cobrança dos pagamentos. Vem a ser irmão de José Sarney.

Há no inquérito a transcrição de um diálogo travado entre Ernane Sarney e uma pessoa que a PF identifica como tesoureiro da Gautama. A certa altura, o irmão de Sarney soa impaciente:

"Vocês estão me enrolando. Já não estava tudo na mão? Eu tô com a corda no pescoço aqui, rapaz, o doutor também tá com a corda no pescoço".

A PF manuseou a cópia de um depósito de Zuleiro para Ernane: R$ 30 mil.

Apalparam-se também depósitos para assessores de expoentes da bancada do PMDB no Senado: Renan Calheiros, Valdir Raupp e... Roseana Sarney.

As mãos dos investigadores tocaram também anotações que sugerem repasses de R$ 512 mil a Romero Jucá, o líder de Lula no Senado.

Senadores só podem ser investigados mediante autorização expressa do STF. Algo que precisa ser solicitado pelo procurador-geral da República.

Na semana passada, referindo-se especificamente a Sarney, o procurador-geral Roberto Gurgel disse que não há vestígio de pedido relacionado a Sarney.

Uma informação que o pseudopresidente do Senado cuidou de injetar em seu discurso. Assim, um gigantesco e roliço ponto de interrogação bóia na atmosfera de Brasília:

O que diabos estão esperando a PF e os procuradores de primeiro grau que acompanham as apurações para fazer a solicitação?

Como se fosse pouco, os repórteres Leonardo Souza e Andreza Matais informam que a ministra-candidata Dilma Rousseff tentou cavar na Receita o fim de um calvário da família Sarney.

As empresas dos Sarney encontram-se sob investigação do fisco. Recém-demitida, a ex-leoa Lina Maria Vieira contou aos repórteres que Dilma lhe pedira
pressa.

Escrito por Josias de Souza: http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Até Quando Catilina?





Nova contribuição de Lula à melhoria dos costumes
De O Globo:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender nesta quinta-feira que é preciso investigar as denúncias contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), antes de julgá-lo.
Em entrevista à Rádio Globo de São Paulo, Lula afirmou que "não se pode vender tudo como se fosse um crime de pena de morte", ao ser questionado sobre o vazamento das gravações da Polícia Federal (PF) que mostram as ligações de Sarney com o escândalo dos atos secretos na Casa:
- É preciso saber o tamanho do crime. Não se pode vender tudo como se fosse um crime de pena de morte. Uma coisa é você matar, outra coisa é você roubar, outra coisa é você pedir emprego, outra é fazer lobby - acrescentou.o presidente.
As conversas, publicadas pelo jornal "O Estado de S.Paulo", mostram Fernando Sarney, filho do senador, pedindo a interferência do pai junto ao então diretor-geral da Casa, Agaciel Maia, para garantir a nomeação do namorado da filha Maria Beatriz Sarney, a Bia, para um cargo na instituição.
O rapaz acabou nomeado por ato secreto.
A pressão para que Sarney renuncie ao cargo voltou a crescer após a divulgação das gravações. Mas, segundo Lula, a existência de uma denúncia não significa que o acusado deve renunciar ao posto.
- Eu não posso entender que cada pessoa que tem denúncia tem que renunciar o seu cargo, antes de ser julgado, investigado - afirmou.
Leia mais em 'Não se pode vender tudo como se fosse um crime de pena de morte', diz Lula sobre gravação envolvendo família Sarney




De Cícero para Catilina


O primeiro discurso de Cícero contra Catilina. O discurso foi proferido em 8 de Novembro de 63 a.C. no Templo de Júpiter no monte Capitolino de Roma

"Até quando, ó Catilina, abusarás da nossa paciência? Por quanto tempo ainda há-de zombar de nós essa tua loucura? A que extremos se há-de precipitar a tua audácia sem freio?"


sexta-feira, 17 de julho de 2009

UNE Vendida


Presidente da UNE evita fazer criticas a Lula

De Chico de Gois, em O Globo:

A presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Lúcia Stumpf,, evitou criticar nesta quinta-feira o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) , e aos senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Fernando Collor (PTB- AL).
Embora, tenha afirmado que a entidade é contra a atuação desses parlamentares.
- Não temos relação com a declaração do presidente Lula sobre Collor, Renan e Sarney - disse Lúcia Stumpf.

Na Verdade:

UNE recebe do governo verba 54% maior do que em 2008

Brasília – A União Nacional dos Estudantes (UNE), uma das entidades que integram a base política do PT e do atual governo, recebeu 54% a mais em recursos federais este ano do que em todo o ano passado. Em 2008, a liberação de verbas para a instituição somou R$ 1,61 milhão, enquanto em 2009 o valor já supera a cifra de R$ 2,49 milhões. Os dados são do Portal da Transparência.

Patrocinada pela Petrobras, UNE faz manifestação contra CPI

Informa a Folha:


“Com uma manifestação em defesa da Petrobras e contra a CPI no Senado para investigar a empresa, começa hoje o 51º Congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes), que tem entre os patrocinadores a própria estatal, que direcionou R$ 100 mil ao evento.

A proximidade entre o governo e a entidade se reflete também em cargos. Dos últimos cinco ex-presidentes da UNE, quatro estão em postos de confiança no governo Lula”.

O erro começa quando o fato de a UNE ser aliada dos partidos de esquerda faz com que ela se cale frente aos erros cometidos por estes quando estão no poder. A aliança se torna, na realidade, cooptação, e isso sim é inaceitável.

A UNE teria, obviamente, que lutar pelo fim das irregularidades dentro da Petrobras, e não, pelo fim da CPI. Só mesmo uma UNE alinhada com o governo federal se presta a lutar contra uma investigação. E não é possível para a cúpula atual da entidade alegar que se opõe ao enfraquecimento da Petrobras que poderá advir da CPI. Nós todos sabemos que não é bem assim e que não é bem esse o medo do governo.


Que a UNE volte a ser um braço político dos estudantes e não uma mera instituição cooptada e calada com verbas pelo governo federal.

Fonte; http://perspectivapolitica.com.br/

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Meu Garoto



De Clarissa Oliveira, da Agência Estado:

Em Alagoas, Lula faz elogios a Collor e a Renan


Em lados opostos na eleição de 1989, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o senador Fernando Collor de Mello escolheram a terra do ex-presidente para mostrar que deixaram definitivamente as diferenças de lado.
Hoje, em visita à pequena cidade de Palmeira dos Índios, no interior de Alagoas, Lula fez elogios de sobra ao, hoje, aliado. Ainda assim, criticou em sua fala o "compadrio" de políticos que o antecederam.
Logo na abertura do discurso, o presidente agradeceu a Collor e ao também senador Renan Calheiros (PMDB-AL) pela ajuda que eles têm prestado ao governo no Congresso.
"Quero fazer Justiça ao senador Collor e ao senador Renan, que têm dado sustentação ao governo em seu trabalho no Senado", afirmou Lula. Renan, apesar de mencionado por vários participantes do evento, não estava presente.
Alguns minutos depois, Lula voltou a elogiar Collor e até se comparou ao ex-presidente. Ao falar sobre sua afinidade com o povo nordestino, o presidente mencionou Juscelino Kubitschek e incluiu Collor na equação. "Não era habitual neste País os presidentes percorrerem o Brasil. Além do Collor, que é de Alagoas, o único presidente a vir aqui foi Juscelino Kubitschek."
Já ao dizer que seu governo não define investimentos de acordo com a filiação política dos governos regionais, o presidente completou: "Antes, em vez de se governar, fazia-se a política do compadrio".
A fala, nesse caso, complementou o discurso do governador Teotonio Vilela Filho, do PSDB, que não economizou afagos a Lula. Ao encerrar seu discurso, Teotonio disse que faria o mesmo que sempre faz na ausência do presidente e pediu uma "salva de palmas".
Collor não teve direito a fala durante a cerimônia, organizada para a inauguração de uma adutora na região. Ainda assim, teve uma cadeira na mesa de autoridades. Coube a um jornal local fazer campanha em favor do senador.
Durante a cerimônia, o jornalista Geovan Benjoino distrubuía entusiasmado a Tribuna Popular. Na capa, uma enorme foto de Collor, acompanhada da manchete: "Presidente Lula da Silva apoia Collor de Mello para governo de Alagoas".
No interior, a reportagem dizia que Lula trabalha nos bastidores para lançar Collor. "Lula age discretamente para não provocar ciúmes em grupos políticos aliados", diz o texto.


terça-feira, 7 de julho de 2009

Pelo Poder


"O que dizer de um acordo (...) que transforma o presidente da República em avalista do presidente do Senado?"

Senador Cristovam Buarque (PDT-DF), sobre as relações Lula-Sarney

Jarbas: Lula não tem pudor. Tudo fará para ficar no poder.

De Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), em discurso no Senado


- “A crise do Senado é gravíssima, seu desfecho é imprevisível, tudo pode acontecer.” Essas palavras iniciais não são minhas, fazem parte da nova cantilena adotada pelo Presidente Lula para mais uma vez distorcer a verdade em benefício próprio. Com esse discurso assustador, S. Exª procurou intimidar os Senadores do PT, que cometeram o sacrilégio de insurgirem-se contra o roteiro que havia estabelecido para o período eleitoral que se avizinha.
- Como que ungido por uma força sobrenatural, o Presidente Lula planejou em detalhes todos os eventos políticos para os próximos meses, para que, ao final, eleja como sucessora na Presidência a sua candidata, a Ministra Dilma, de preferência de forma consagradora, não para ela, mas para si próprio.
- Entre esses eventos que fazem parte do futuro idealizado por Lula, consta em destaque o apoio do PMDB. Interessa a S. Exª o tempo de televisão, a grande estrutura partidária e o apoio congressual em um futuro governo. E me refiro a isso tudo em sentido amplo. Não importa ao Presidente respeito às leis ou à Constituição, muito menos consideração a quaisquer princípios éticos ou morais.
- Nosso Presidente não tem pudor algum; tudo fará para permanecer no poder, inclusive comprometer seus correligionários e destruir o que ainda resta de dignidade no Congresso Nacional, especialmente no Senado Federal. Não tem compromisso com nada e com ninguém, a não ser consigo mesmo.
- Deslumbrado pelo poder e pelos índices de aprovação de seu governo, considera-se acima das instituições.
- Partindo dessa análise megalomaníaca, na última semana, decidiu resolver a crise que se abate sobre esta Casa. Uma ingerência sem limites, vista anteriormente apenas durante a ditadura militar. Interveio para impor a permanência do Presidente Sarney. Constrangendo e ameaçando seus próprios partidários, decidiu que, contra todos os fatos, irá impor sua vontade imperial, sustentando um Presidente do Senado que não tem apoio interno para permanecer no cargo, um presidente que se transformou em uma rara unanimidade negativa frente à opinião pública. Ainda assim, como intuiu que o afastamento pode frustrar seu projeto, vai impor ao Senado e ao Brasil a permanência de Sarney.
- Lula tem razão quando diz que a crise do Senado é gravíssima, mas distorce a realidade ao afirmar que o desfecho é imprevisível. A solução natural para que iniciemos uma completa reforma desta Casa é o afastamento do Presidente Sarney.
- O momento posterior a esse fato é inteiramente previsível. O Vice-Presidente do Senado, Senador Marconi Perillo, irá convocar nova eleição. O PMDB irá indicar, entre os membros da sua bancada, aquele que melhor represente a continuidade do projeto de poder do Presidente da República e da parcela do PMDB que dá sustentação ao governo no Senado da República. E esse candidato será eleito – ou alguém duvida da capacidade de convencimento do onipresente Senador Renan Calheiros. Eis aí o desfecho para esta crise. Tudo ocorrerá na mais tranqüila ordem e dentro de toda previsibilidade.
- O que podemos fazer? 1) Chamar à razão o Presidente Sarney – que, de maneira recorrente, valoriza sua biografia, sua condição de estadista – e fazê-lo ver que está destruindo a si mesmo e a esta Casa. 2) Persuadir os Senadores do PT – ou pelo menos os que ainda guardam alguma identidade com os princípios éticos que defendiam num passado recente – a reafirmar a decisão da bancada pelo afastamento do Presidente da Casa. 3) Quanto à bancada do PMDB, não tenho ilusões; não há apelo que suplante os interesses individuais dos nossos Senadores.
- Qualquer reforma administrativa no Senado só poderá ser realizada se tiver o mínimo de apoio da opinião pública e essa condição só será atingida a partir do afastamento do Presidente Sarney. S. Exª infelizmente personifica, para boa parte da mídia e da opinião pública, todas as distorções que ocorreram nos últimos 15 anos.



por Ricardo Noblat.

http://oglobo.globo.com/pais/noblat/

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Pra Quê Diploma??

Casa Civil emagrece o perfil escolar de Dilma na web


O currículo de Dilma Rousseff passou por uma lipoaspiração.

Até a última quinta (2), Dilma era apresentada no portal da Casa Civil como:

1. “Mestre em teoria econômica”;

2. “Doutoranda em economia monetária e financeira pela Unicamp”.

Na sexta (3), ela perdeu o título de mestre e a pretensão a doutora.

A musculatura acadêmica fora obtida por meio de anabolizantes.

Deve-se à revista ‘piauí’ a realização do exame anti-doping.

Ouvida pela revista, a Unicamp disse que Dilma não é mestre nem doutora.

Pilhada, a ministra reconheceu: não concluiu o mestrado. Faltou a dissertação. E abandonou o doutorado.

Depois de lipoaspirado, o novo
perfil de Dilma ficou assim:

“[...] Foi aluna de mestrado e doutorado em Ciências Econômicas pela pela Universidade de Campinas, onde concluiu os respectivos créditos”.

Coisa feia!

Escrito por Josias de Souza.

http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Futebol é coisa séria!!




Lula e o grande pensamento político


Nesta altura do campeonato, em que a política cada vez mais se apropria do universo futebolístico, é justo invocar o maior pensador político da nação - Antonio Franco de Oliveira (1906-1976). Era torcedor fanático do Botafogo do Rio de Janeiro e reinou na década de 40 nas areias de Copacabana como respeitado goleiro do Posto Quatro Futebol Clube, que calçava chuteiras número 44 e fazia defesas incríveis com as mãozonas que mediam 23 centímetros. Esta desproporção rendeu o apelido que lhe garantiu a imortalidade: Neném Prancha.
É dele uma frase que define neste momento, com precisão, o corintiano Luiz Inácio Lula da Silva, também presidente da República: “Quem pede, recebe. Quem desloca, tem preferência”. Lula entrou de sola no jogo de várzea do Senado, pediu a bola da crise e recebeu, redondinha, a esférica confusão em que se meteu o time nada amador dos senadores.
Do Rio, do Irã, da Líbia, onde encontrasse um microfone, Lula calibrava a voz e disparava um petardo no ângulo, em defesa incondicional de José Sarney, ‘o presidente que não é um cidadão comum’. Foi ao ponto de atropelar o time de seu partido no Senado, a bancada do PT, para fazer a bancada engolir a idéia de afastamento preventivo do presidente sob suspeita. O líder do PT, Aloísio Mercadante, com cara de bola murcha, teve que subir à tribuna para ensaiar uma explicação complicada para o recuo inexplicável.
Indiferente ao ditador líbio Muammar Kadafi, ao seu lado, Lula ligou da África para Sarney para pedir que não fizesse nada até conversar com ele, pessoalmente. Dissimulado como sempre, Lula voltou ao Brasil e disse que não tinha nenhum encontro com Sarney.
Lula segue, à risca, uma lei imutável de Neném Prancha: “Joga a bola pra cima, enquanto ela estiver no alto não há perigo de gol”. O barbudo do Planalto tenta tirar a bola do meio-de-campo do Senado para salvar o bigodudo do Maranhão. Existe uma lógica nesta jogada que o esperto Neném reconheceria com outra frase lapidar: “O importante é o principal, o resto é secundário”.
Traduzindo: Lula não está preocupado com a integridade física de Sarney. O presidente está apreensivo, na verdade, é com a saúde política de seu governo. E nada traduz melhor a deficiência técnica deste governo do que a constatação de que ele, hoje, está pendurado nos fios embranquecidos do octogenário bigode de Sarney.
A política de Lula é como o futebol para Neném Prancha: “É muito simples – quem tem a bola, ataca; quem não tem, defende”. Ao ver Sarney manietado em campo, com pés e mãos politicamente amarrados pela mão boba de seu pupilo Agaciel Maia, Lula percebeu que o amigo precisava de defesa, já que a bola não sai do campo da oposição. Sem ela, não restou ao presidente outra saída senão a defesa, intransigente, inegociável, inarredável.
Defender Sarney é defender o PMDB, que vai defender as cores governistas no campeonato presidencial de 2010, armado em torno da favorita de Lula e do PT – Dilma Roussef, o Fenômeno do PT, uma espécie de Ronaldo mais magra do time escalado por Lula para manter a mão na taça no próximo mandato. Acuado, Lula acusou a oposição de forçar a renúncia de Sarney como uma tentativa de ganhar o Senado no ‘tapetão’.
No jogo bruto da política, o país acabou descobrindo uma vocação irrefreável de Lula: seu apetite para entrar no jogo alheio, sempre pelo lado errado, permanentemente atraído pelas causas piores.
Fez assim para salvar Antônio Carlos Magalhães, quando o líder baiano se enrolou nas fitas do mega-grampo patrocinado por ele na Bahia e arredores. O pedido de cassação do Conselho de Ética foi interceptado, a pedido de Lula, com o providencial engavetamento na Mesa Diretora do Senado, presidida então – quem, quem? – por ele, José Sarney.
Lula fez de novo ao mover seu time do PT para salvar Renan Calheiros, enrolado em confusões extra-conjugais e bois não contabilizados, que ameaçaram jogar seu mandato no brejo. E Lula faz agora, outra vez, para salvar a cara rosada e a presidência mambembe do eterno Sarney, agora enrolado nos atos secretos e na parentada empregada com os bons augúrios do fiel Agaciel Maia.
Tudo isso Lula fez e faz em nome da governabilidade, esta santa palavra que tudo explica, justifica, ampara e protege. Lula desconhece, porém, um detalhe da sabedoria popular que Neném Prancha resumiu com a habitual simplicidade: “Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa”.
Só no Brasil e só no Governo de Lula, à exceção dos generais da ditadura, se mistura com tanta desfaçatez dois poderes que deviam ser autônomos e independentes: o Executivo e o Legislativo. Sarney, esperto, disse em nota que a crise — ‘que não é dele, mas do Senado’ — criou-se só porque ele apóia o presidente Lula. Pendurou-se, sem nenhum disfarce, nas barbas de Lula. Para um poder já emasculado pelas medidas provisórias que atropelam e abastardam o Congresso, não é surpreendente o gesto de desespero de Sarney.
Inesperada, porém, é a forma cínica e despudorada com que Lula intervém na crise do Senado, atravessando fronteiras políticas e éticas, humilhando ainda mais um Parlamento que já não consegue se safar, com suas próprias forças, das atrapalhadas em que se mete. É preciso que o presidente do Planalto socorra o presidente do Senado, em nome do quê? Da governabilidade, ora essa!
Lula não está inquieto com a roubalheira, os maus feitos, as negociatas, a má imagem e o desgaste do Senado. Está preocupado, apenas, com o amigo e a aliança que lhe dá fôlego e futuro político, sabe-se lá a que preço. O país não deve se preocupar com tudo isso, diz Lula, porque é tudo denuncismo da imprensa, que gosta de publicar só notícia ruim. Lula gostaria de ver todo dia manchetes, artigos e editoriais festejando os gols de Ronaldo e os títulos do Corínthians. Mas Neném Prancha poderia lhe ensinar que a política, como o futebol, é uma caixinha de surpresa.
Este conúbio de Lula com Sarney e do PT com o PMDB lembra outra frase definitiva de Neném: “Casamento é coisa muito séria para terminar nas manchetes de jornais”. A crise atual virou manchete de jornais. E elas podem terminar com este casamento. Neném Prancha já avisou, Lula.

Artigo: Luiz Cláudio Cunha.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Coisas Menores



Entre 2003 e 2007, os contracheques dos diretores da Petrobras receberam um tônico de 90%.

No mesmo período, a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) foi de 28,16%.

Somando-se salários e bônus, os vencimentos dos gestores da estatal petroleira chegaram, em 2007, à casa de R$ 710 mil anuais.

A média mensal roçou os R$ 60 mil. Deve-se a revelação das cifras ao repórter Amaury Ribeiro Jr..

Ele recolheu os dados em documentos remetidos pela Petrobras à Previdência e ao fisco. Levou-os às páginas do ‘
Correio Braziliense’ e ‘Estado de Minas’.

Segundo o repórter, considerando-se salários e bônus, a Petrobras pagou aos seus diretores, em 2007, os seguinte valores:

1. Almir Guilherme Barbassa Cargo: Diretor Financeiro Remuneração média: R$ 710 mil Indicação: PT 2. Guilherme de Oliveira Estrella Cargo: Diretor de Exploração e Produção Salário e bônus: R$ 701,76 mil Indicação: PT 3. Paulo Roberto Costa Cargo: Diretor de Abastecimento Remuneração média: R$ 710 mil Indicação: PP, com apoio do PMDB do Senado 4. Maria das Graças Silva Foster Cargo: Diretora de Gás e Energia Remuneração média: R$ 710 mil Indicação: PT, da cota da ministra Dilma Rousseff 5. Jorge Luiz Zelada Cargo: Diretor da Área Internacional Remuneração média: 710 mil Indicação: PMDB da Câmara 6. Renato de Souza Duque Cargo: Diretor de Serviços Salário: 706,26 mil Indicação: PT

Também o presidente da Petrobras, o petista José Sérgio Gabrielli, amealhou em 2007 vencimentos de cerca de R$ 710 mil (salário mais bônus).

Os vencimentos dos diretores da estatal são definidos numa assembleia-geral do conselho administrativo e fiscal da Petrobras. Ocorre uma vez por ano.

Na reunião de 2009, ocorrida em abril, o conselho destinou R$ 8,2 milhões para o pagamento de salários e benefícios aos diretores e aos conselheiros.

O conselho da Petrobras é presidido pela ministra Dilma Rousseff (Casa Civil). Entre os seus integrantes está o ministro Guido Mantega (Fazenda).

Tem assento no conselho também o ex-ministro Silas Rondeau (Minas e Energia), um apadrinhado do presidente do Senado, José Sarney.

Rondeau perdeu o cargo de ministro nas pegadas da Operação Navalha. A PF o acusou de manter relações financeiras promíscuas com Zuleido Veras, o dono da empreiteira Gautama.

Na assembléia de abril, o conselho fixou a remuneração dos conselheiros em 10% dos vencimentos dos diretores da Petrobras. Coisa de R$ 6 mil mensais.


Escrito por Josias de Souza; http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/

DNA da Corrupção



Lula chama denúncia contra Sarney de coisa menor


Presidente defendeu Sarney, como na semana passada, e diz que ele já está investigando as denúncias
De Tânia Monteiro, de O Estado de S. Paulo:
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira, 25, que "não quer transformar as coisas que aconteceram no Senado em uma crise institucional", referindo-se às denúncias sobre atos secretos, nepotismo e atuação do neto de Sarney em operações com crédito consignado aos servidores da Casa, publicadas na edição desta quinta do Estado.
Lula defendeu a apuração de todas as denúncias para evitar que as discussões girem em torno desses fatos, como vem ocorrendo há mais de um mês. "Tem uma, duas, várias denúncias. Mas tem uma fase de apuração. Então, apure-se e tome-se as medidas. O que não pode é um país que tem coisas importantes para fazer, a gente ficar um mês inteiro tratando de coisas menores", disse.
Advertido sobre a gravidade das denúncias, Lula afirmou que o Tribunal de Contas da União (TCU) deve investigá-las. Disse ainda que desconhece a existência de contas secretas.
Lula voltou a defender Sarney, como na semana passada: "Sarney foi eleito. Os senadores elegeram ele. Ele tem um compromisso de fazer apuração e ele disse que está apurando isso. Só espero que haja apuração".
Leia mais em Lula não quer crise no Senado e chama denúncia de coisa menor

Fonte; blog do Noblat: http://oglobo.globo.com/pais/noblat/

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Qual o time que Neda Torcia??

Protestos no Irã
Noivo de Neda diz que milícia do regime matou a jovem
23 de junho de 2009



Fotos de Neda distribuídas pela internet: o rosto da repressão contra os manifestantes
(Crédito: AFP)

O noivo da iraniana que morreu nas manifestações de sábado em Terrã, Neda Agha-Soltan, e se tornou símbolo dos protestos, provocando uma onda de indignação na internet, acusou a milícia basij, que apoia o presidente Mahmud Ahmadinejad, pelo crime. "Ela estava a algumas ruas do local em que as principais manifestações aconteciam, perto do bairro de Amir Abad. Ela estava com seu professor de música, sentada em um carro e bloqueada nos engarrafamentos", contou Caspian Makan, noivo da jovem.


"Estava muito cansada e sentia muito calor. Ela saiu do carro por alguns minutos. Foi então que atiraram", completou em uma entrevista à BBC Persian TV, canal em idioma farsi da rádio e televisão britânica BBC, com sede em Londres e exibido no Irã. Um vídeo disponibilizado na internet provocou revolta mundial. As imagens mostram a jovem deitada na calçada, com o rosto repleto de sangue e os olhos abertos. Várias pessoas pressionam o peito da jovem, em uma tentativa de deter a hemorragia. Alguém fala: "Neda, não tenha medo", em seguida as palavras são abafadas pelos gritos. "Neda, acorda, acorda", outra pessoa fala.
As imagens da morte de Neda se tornaram um símbolo dos protestos. "Alguns depoimentos e imagens do vídeo mostram claramente que são provavelmente os basij vestidos como civis os que atiram deliberadamente", acusou o noivo, em uma referência à temida milícia que dá apoio ao presidente Mahmud Ahmadinejad, cuja reeleição é questionada pelos manifestantes. "Algumas testemunhas afirmam que ela foi tomada claramente como alvo e recebeu tiros no peito. Ela morreu em poucos minutos", contou. Neda foi sepultada no domingo. Desde o início dos protestos no Irã, pelo menos 17 pessoas morreram.
(Com agência France-Presse)



Só para relembrar, um comentário "Sensato"

"Eu não conheço ninguém, a não ser a oposição, que tenha discordado da eleição do Irã. Não tem número, não tem prova. Por enquanto é apenas, sabe, uma coisa entre flamenguistas e vascaínos.” Lula